Crise: Portugal vive desafio coletivo

Pedido de ajuda externa e instabilidade política têm motivado vários pronunciamentos de responsáveis católicos em favor de uma nova ordem social

Lisboa, 12 abr 2011 (Ecclesia) – A atual crise política e económica em Portugal deve ser “um tempo desafiador” para a vida coletiva do país, afirmou hoje José Luís Gonçalves, diretor da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (Porto).

Este responsável assina um texto de opinião na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA, no qual indica que “ acreditar e refundar as razões para viver em comum é, agora, decisivo”.

A opinião é apresentada no dia em que uma missão técnica do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional e da Comissão Europeia começam a delinear o programa de ajuda financeira a Portugal.

Para José Luís Gonçalves, “em tempos de incerteza social e de escassez de recursos, o desafio coletivo que enfrentamos pode formular-se nestes termos: como obter um equilíbrio entre a promoção da equidade (do que é justo para todos) e do reconhecimento (do que é válido para cada um)”.

“Só um movimento de cidadania, a acontecer a partir das iniciativas dos grupos e associações de bairro, das comunidades de vizinhança, das ONG, IPSS, Igrejas, é capaz de transformar atavismo e inércia em participação qualificada”, acrescenta.

O pedido de ajuda externa e a instabilidade política em Portugal têm motivado vários pronunciamentos de responsáveis católicos.

O bispo da Guarda defendeu que o atual “quadro de vida social” não serve os interesses das pessoas, estando aqui em causa muito mais do que “condições materiais”.

“As boas relações interpessoais e sociais são ainda mais importantes, o mesmo se diga da cultura que permita à pessoa compreender a sua realidade e a do mundo, para tomar as decisões mais corretas e a abertura necessária aos valores espirituais”, sublinhou D. Manuel Felício, na sua homilia para o 5.º domingo da Quaresma.

No mesmo dia, o bispo de Leiria-Fátima apelou a uma nova cultura política para enfrentar o “momento de crise gravíssima que Portugal está a atravessar”.

“Não haverá renascimento social sem uma nova cultura política, que assente nos valores da verdade, da honestidade – que afasta toda a corrupção, honestidade de consciência e de costumes – e da transparência que não esconde a verdade da situação ao seu povo”, disse D. António Marto.

Em Braga, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) exigiu “verdade” diante do atual momento político e económico do país, alertando para os que se “servem dos bens públicos”

“Sem verdade nem moral nas atitudes degrada-se a vida pública mediante a instituição de redes e grupos de influência que se servem dos bens públicos com o fim de enriquecimento pessoal”, disse D. Jorge Ortiga.

Esta segunda-feira, o bispo de Beja afirmou que o povo português “precisa de ganhar confiança naqueles que se apresentam como candidatos ao governo deste país”, perspetivando as eleições legislativas de 5 de junho.

O Conselho Geral da Caritas Portuguesa assinalou no domingo que a situação do país é “grave”, falando num “cenário negro”, com um aumento de 40% no “número de atendimentos aos mais necessitados”.

A Liga Operária Católica (LOC/MTC), por seu lado, defendeu que “o desemprego, a precariedade laboral, as desigualdades salariais e sociais, a competitividade, os horários de trabalho desadequados às necessidades das famílias são hoje as causas para muitas doenças psíquicas e para o aumento da pobreza e da exclusão”.

OC

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