«Há que ver o futuro com a esperança e um franciscano não pode olhá-lo de outra forma», sublinha superior geral da ordem, frei Rodríguez Carballo
Lisboa, 24 out 2011 (Ecclesia) – O frei Vítor Melícias considera que a ‘troika’ está a abusar das condições do financiamento a Portugal e defende que as medidas de austeridade estão a servir interesses económicos instalados, menosprezando as necessidades dos pobres.
Portugal e Grécia “estão carregados com imposições financeiras que são verdadeiramente usurárias, e é preciso que alguém denuncie e se oponha a isto”, afirmou à ECCLESIA o responsável da província portuguesa da Ordem dos Frades Menores, um dos ramos do franciscanismo católico.
O religioso diz seguir com “muita preocupação” as medidas de austeridade implementadas pelo Governo, que “não têm como primeiro objetivo as pessoas e os mais pobres”: “Estamos a definir regras em defesa dos interesses financeiros, da banca e dos interesses estabelecidos”, apontou.
“Essa não é, seguramente, a solução que deve ser adotada”, sublinhou o sacerdote, que presidiu à 10.ª assembleia da União dos Frades Menores da Europa, realizada em Lisboa, Fátima e Linda-a-Pastora (Oeiras) entre 18 e 22 de outubro, com a presença de mais de 60 religiosos.
A iniciativa, intitulada “Europa, uma missão e um desafio”, contou com a participação do responsável mundial dos Franciscanos, frei José Rodríguez Carballo, para quem a crise no continente tem solução desde que os organismos políticos e económicos coloquem “a pessoa no centro”, em vez do “dinheiro” e da “ganância”.
“Há que ver o futuro com a esperança e um franciscano não pode olhá-lo de outra forma”, apontou o religioso espanhol, que acentuou a necessidade de os religiosos da congregação continuarem a ser “frades do povo”.
O frei Rodríguez Carballo acentuou que a ordem fundada no século XIII por São Francisco de Assis deve “continuar a pregar, primeiro com a vida e depois com a palavra, o evangelho de Jesus Cristo”, dentro de uma sociedade “muito secularizada” mas que também “tem sede de valores autênticos e evangélicos”.
“Queremos chegar a todos: aos de longe, quer dizer aos que não creem ou que têm a fé um pouco adormecida, e também aos que estão próximos, isto é, que se sentam crentes e chamados a serem evangelizadores”, acrescentou.
No encontro, que segundo o frei Vítor Melícias pretendeu analisar as “formas de presença, ação e contacto” dos Franciscanos “com o povo e com aqueles que decidem o seu destino”, foram eleitos os novos membros do Conselho Permanente da União dos Frades Menores da Europa.
O organismo, cuja vice-presidência foi confiada ao religioso português, vai ser dirigido pelo frade italiano Carlo Serri, sendo também composto pelos frades Filemon Janka (Polónia), Dominique Joly (França) e Lovro Gavran (Bósnia-Herzegovina).
A “troika” inclui representantes do Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional.
RJM