Crise: Novo patriarca elogia «resistência» da população

D. Manuel Clemente deixa pedidos de diálogo e pedagogia aos governantes

Porto, 19 mai 2013 (Ecclesia) – O novo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, disse hoje que os governantes do país devem respeitar a “capacidade” que a população portuguesa tem mostrado para resistir à crise.

“O que mais me preocupa é este desfasamento que sinto entre a capacidade de resistência e até de reposição das coisas por parte da nossa população em geral e depois não haver uma ligação clara entre as propostas que se fazem, quer nacional quer internacionalmente, para resolver a crise”, afirmou o prelado, em declarações aos jornalistas após a missa de Pentecostes a que presidiu na Sé do Porto, diocese de que é bispo desde 2007.

D. Manuel Clemente pediu aos líderes políticos que sejam, “ao mesmo tempo, solidários e pedagógicos” neste combate à crise, com particular preocupação pelo aumento do desemprego.

“Apesar de tudo, vale a pena resistir à crise positivamente”, acrescentou.

O sucessor de D. José Policarpo considera que a capacidade que a população mantém “para se reconstruir” deve ser “correspondida com propostas claras”, para “que as pessoas percebam que toda a gente está com toda a gente, que ninguém se põe de fora”.

“É um esforço conjunto”, precisou.

O novo patriarca quer que os políticos respondam com “solidariedade, pedagogia e muita clareza”.

“Expliquem lá devagarinho”, pediu.

O prelado insistiu na importância de uma “pedagogia social”, que tem pedido em várias intervenções nos últimos anos.

“O que nós queremos não é propriamente fazer espetáculo, o que nós queremos é que os problemas se resolvam”, acrescentou, falando a respeito da ação da Igreja neste contexto.

“Institucionalmente, estou com todos em tudo o que sirva a população”, referiu também.

D. Manuel Clemente, de 64 anos, foi escolhido pelo Papa Francisco para substituir D. José Policarpo no Patriarcado de Lisboa, uma decisão anunciada este sábado pela Santa Sé.

O bispo elogiou a “convivência magnífica” com a população portuense e disse que esta é “uma diocese muito enriquecedora a todos os títulos”.

“Vou cheio de histórias de resistência, de criatividade, do não desistir”, assinalou.

D. Manuel Clemente foi ainda questionado sobre eventuais casos de abusos sexuais na Igreja, frisando que os mesmos “devem ser verificados e acompanhados”, se aparecerem.

“Para isso, estão previstos uma série de procedimentos quer dentro da Igreja quer na ordem civil”, recordou.

A intervenção aludiu a uma “mudança de época” que tem implicações num Cristianismo “muito comunitário”.

A tomada de posse do novo patriarca de Lisboa está marcada para o dia 7 de julho.

OC

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Agência ECCLESIA

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