Iniciativa quer ser voz de quem não a tem, perante a atual «onda de dívida», diz presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social
Lisboa, 22 jul 2011 (Ecclesia) – Instituições civis e religiosas uniram-se para criar um movimento de pedagogia social, com o intuito de “ir ao encontro das aflições” e “ser uma voz profética”, revelou o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
Após a primeira reunião, realizada esta quinta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, D. Carlos Azevedo, revelou à Agência ECCLESIA que o movimento “não pretende angariar fundos”, porque “esse modelo está preenchido e já existe nas dioceses”, mas “ajudar a preparar a opinião pública”.
A união de esforços entre entidades civis e religiosas na resolução da crise pretende também ser voz daqueles que não a têm, visto que os sindicatos “podem ser voz de alguns setores, mas existem outros que não têm quem os defenda”.
“A onda de dívida que atingiu o país deve ser cortada com uma onda de dom”, defende D. Carlos Azevedo.
Antecipar e acautelar o aumento da gravidade da crise que atingirá a população nos próximos meses é uma das preocupações deste grupo.
A crise é uma oportunidade “de coordenação e purificação de cada indivíduo no seu estilo de vida” porque, hoje, “as carências são cada vez mais fortes” e atingem, nalguns casos “famílias inteiras”, lamenta o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
Como as disfuncionalidades são várias, as instituições devem “ajudar na preparação das pessoas” para os tempos sombrios.
Depois da ilusão do “crescimento económico” e de que a Europa colocaria Portugal no “grupo dos ricos”, verificou-se o contrário e, atualmente, “pertence ao grupo dos pobres”.
Os portugueses têm “de purificar os critérios e aprender a viver em tempos de aperto”, avançou o prelado.
Apesar de ainda não serem conhecidas na totalidade as linhas orientadoras do Programa de Emergência Social do Governo, a Igreja mostra-se disponível para ajudar, considerando que os momentos atuais requerem “uma resposta mais solidária”.
A reunião de quinta-feira juntou responsáveis da Igreja Católica e de instituições tão diversas como o Banco Alimentar, a Fundação Gulbenkian, a Caritas Portuguesa e a Comissão Nacional Justiça e Paz.
LFS