Deputados do PS e CDS-PP intervieram na jornada de actualização do clero de Évora, Algarve e Beja
Tavira, Faro, 25 Jan (Ecclesia) – Energia, banca, economia e coesão social são alguns dos sectores atingidos pelas “várias crises” instaladas em Portugal, que afectam também os valores e a moral, considerou esta Segunda-feira o deputado José Ribeiro e Castro (CDS-PP).
As palavras do responsável foram proferidas na Jornada de Actualização do Clero da Província Eclesiástica do Sul, correspondente às dioceses de Évora, Algarve e Beja, que decorreu em Tavira, 300 km a sudeste de Lisboa, refere o site do jornal ‘Folha do Domingo’.
“A crise profunda é a moral e de valores”, afirmou o deputado, que denunciou o “ataque à identidade cristã” baseado no “secularismo e laicismo radical” que pretende “irradiar uma nova cultura e construir nova Europa sobre uma tábua rasa”.
Durante o encontro organizado pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, sob o tema “Crise, desafios e oportunidades”, o responsável criticou a economia assente na “criação artificial do valor” e na “ganância sem limites”.
Para Ribeiro e Castro, não será possível resolver “o problema do endividamento” enquanto o défice orçamental do Estado não for eliminado, objectivo que vai ser “muito mais difícil de atingir num quadro de austeridade”.
Por seu lado, a deputada Teresa Vanda (PS) defendeu que as consequências da crise “teriam sido muito mais graves se não tivesse havido a intervenção de Bruxelas”.
Referindo-se às “respostas imediatas à crise”, a responsável mencionou o “plano de relançamento da economia”, explicando que era preciso introduzir “estímulos” no mercado e “restaurar a confiança”.
Teresa Vanda reconheceu que o controle do défice não tem impedido o aumento da dívida, tornando-se necessário reformular o sistema económico, reequilibrar os consumos e “contrariar o comodismo e egoísmo”.
A deputada lembrou que “Portugal ainda se consegue financiar com taxas [de juro] abaixo da Grécia e da Irlanda”, países que “estão a ser ajudados pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional”, entidades cuja intervenção implica “mais restrições e limitações aos cidadãos”.
No encontro, realizado em Tavira com a presença de cerca de 80 pessoas, José Ribeiro e Castro abordou também os problemas “ambientais” e a crise “demográfica” que atinge a Europa.
“Não temos sustentabilidade demográfica para aguentar o sistema social”, defendeu o deputado, sublinhando que “é preciso governar a 27 [número de países da União Europeia], mas isso não é fácil porque nem todos são do mesmo quadrante político”.
O conferencista considerou que “é preciso voltar ao sonho europeu” e lamentou que se tenha perdido o “sentido do poder como serviço”, acrescentando que as “pessoas não se sentem representadas”, apesar de viverem em “sociedades democráticas representativas”.
Segundo Ribeiro e Castro, a “atitude cristã diante da crise” deve ser a da “esperança”, pelo que o cristão deve apostar na “reafirmação de valores”, evitando “estar de dedo apontado a ralhar a todos”.
FD/SM/RM