Crise financeira deve levar a «exame de consciência»

Bento XVI diz que Igreja não tem resposta para todos os problemas nem determina opinião pública mundial

Bento XVI considera que a actual crise económica mundial precisa de “um exame de consciência global”, que vão além dos planos financeiros.

 

A declaração papal é publicada na edição dominical do jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, o qual avança com excertos de um livro-entrevista a Bento XVI, a ser apresentado no dia 23 de Novembro.

 

Falando com o jornalista alemão Peter Seewald, o Papa recorda a sua última encíclica, “Caritas in veritrate”, afirmando que a Igreja procura dar o seu contributo, mas não tem resposta “para todos os problemas”.

 

Para Bento XVI, é preciso “olhar as coisas de um outro ponto de vista, que não seja apenas o da factibilidade e do sucesso, mas do ponto e vista segundo o qual existe uma normatividade do amor pelo próximo”.

 

O Papa aborda, na entrevista, o que diz ser a “problemática” do termo “progresso”, afirmando que “hoje vemos que o progresso também pode ser destruidor”.

 

Noutro contexto, Bento XVI alude à “ameaça” de que “a tolerância seja abolida em nome da própria tolerância”.

 

“Há o perigo de que a razão, a assim chamada razão ocidental, defenda ter finalmente reconhecido o que é justo e avance, assim, uma pretensão de totalidade que é inimiga da liberdade”, assinala.

 

Ninguém, acrescenta o Papa, é obrigado a ser cristão, “mas ninguém deve ser obrigado a viver segundo a «nova religião», como se fosse a única verdadeira, vinculante para toda a humanidade”.

 

Bento XVI acredita que o cristianismo venha a assumir um “novo rosto”, também do ponto de vista cultural.

 

“O cristianismo não determina a opinião pública mundial, outros estão na sua liderança. Contudo, o cristianismo é a força vital sem a qual as outras coisas não poderiam continuar a existir”, disse.

 

O Papa mostra-se “muito optimista quanto ao futuro do cristianismo “diante de uma nova dinâmica”.

 

O livro “Luz do mundo. O Papa, a Igreja e os sinais dos tempos” resulta de uma conversa entre Bento XVI e Seewald – que já por duas vezes tinha entrevistado Joseph Ratzinger, ainda cardeal – na residência pontifícia de Castel Gandolfo, perto de Roma, entre os dias 26 e 31 de Julho.

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