Crise/Economia: Mais de 1900 pessoas assinam petição contra agências de «rating»

Economista Manuela Silva diz que existem «razões objetivas» que justificam dúvidas levantadas

Lisboa, 13 abr 2011 (Ecclesia) – Mais de 1900 pessoas subscreveram online, até ao momento, a petição contra três agências de «rating», que retoma a denúncia entregue terça-feira na Procuradoria-Geral da República por vários economistas portugueses.

Manuela Silva, uma das promotoras da iniciativa e membro do grupo «Economia e Sociedade» da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), assinala que estão em causa as “notações relativamente ao Estado português e aos bancos sediados em território nacional” por parte das três maiores agências de rating: Fitch, Moody’s e Standard & Poor’s.

Num comentário publicado no blogue «Areia dos dias», do referido grupo da CNJP, a economista fala com “surpresa” do facto de “em poucos dias, as referidas agências terem baixado as suas notações sem que se conheçam os fundamentos com que o fizeram”.

“Nem a crise política, normal em democracia, nem a evolução da capacidade produtiva do País, que não se altera em 24 ou 48 horas, justificam os cortes drásticos recentemente verificados. Há, pois, que procurar outras causas e ver o que está por detrás destes comportamentos”, indica.

Para Manuela Silva, “três razões objetivas justificam dúvidas: o elevado grau de concentração das três maiores agências de rating, todas americanas e que, no conjunto, detêm mais de 90% do seu respetivo mercado; a possível conflitualidade de interesses, devida à presença de empresas de gestão de fundos na estrutura do capital acionista em duas dessas empresas de rating (num caso, em posição de acionista maioritário) e a falta de transparência por ocultação de critérios em que se baseiam as notações”.

O rating constitui uma avaliação/opinião sobre a capacidade e vontade de uma entidade vir a cumprir de forma atempada e na íntegra determinadas responsabilidades

Manuela Silva, antiga presidente da CNJP, diz que “a severidade nos ratings da dívida da República e dos bancos portugueses” serve “os interesses dos especuladores que veem as suas possibilidades de lucro aumentadas pelo simples facto da subida dos juros”.

“Serve também a uma estratégia de enfraquecimento do euro face ao dólar ou mesmo ao propósito de ressuscitar a moeda americana como único meio de pagamento internacional, conveniente, entre outras razões, para fazer face à elevada dívida pública americana contraída no exterior”, acrescenta.

No mesmo blogue, outro dos subscritores da denúncia, Manuel Brandão Alves, escrevia que “trabalhando as agências para quem tem o dinheiro (especuladores, particulares, Fundos, governos ou suas instituições), os serviços por elas prestados serão tanto mais apreciados, quanto maior for a remuneração dos capitais que os seus pareceres provocarem”.

“É muito difícil consegui-lo? Nada mais fácil: basta baixar o rating, e quanto maior for a baixa, maior será o retorno”, alertava.

A petição «A Relevância das Agências de Rating e o Risco de Abuso de Posição Dominante» pode ser consultada em www.peticaopublica.com/?pi=denuncia

OC

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