Crise eclesial volta a Cabinda

Um dia depois da publicação duma carta da Santa Sé, pedindo a unidade da Igreja em Cabinda, o clero autóctone do enclave gerou um novo momento de crise ao propor a saída da diocese do actual vigário-geral, o padre checo Milan Zednichek, cuja nomeação não reconhece. Os padres de Cabinda estiveram reunidos na quarta-feira, dia 26 de Abril, na sequência da carta de Raul Tati (antigo vigário-geral) endereçada ao Pe. Zednichek, com cópias ao Administrador Apostólico de Cabinda, D. Eugénio Dal Corso, a D. Paulino Madeca, Bispo emérito e ao Clero da diocese. Numa declaração a que o Ibinda.com teve acesso, manifestam o seu apoio à missiva subscrita pelo Pe. Tati, “na medida em que esta retrata objectivamente a real situação que se vive hoje” nesta diocese. “O seu teor é o que está no coração e na boca dos feitos sem voz, no pensamento do clero e de quem reflecte seriamente sobre a situação”, é sublinhado. “Sentimo-nos profundamente indignados pelo encerramento arbitrário dos dois Seminários Diocesanos, com a consequente destruição de toda uma pastoral vocacional o que está a provocar a desmoralização de aproximadamente 60 seminaristas postos na rua sem beira nem eira”, refere o documento. “Propomos encarecidamente que seja encontrado um sacerdote do clero autóctone diocesano que reuna o consenso da maioria do Presbitério para nosso vigário geral diocesano ou delegado do senhor administrador apostólico”, lê-se ainda no comunicado. O Cardeal Crescenzio Sepe, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, tinha enviado uma Carta aos católicos de Cabinda, apelando à união entre todos de modo a normalizar a vida religiosa naquele enclave do Norte de Angola. A missiva saudava a nomeação do novo vigário-geral da diocese de Cabinda e convidava , em nome do Papa, “os sacerdotes, religiosos e leigos da diocese de Cabinda a caminharem na unidade e na comunhão sob a paterna autoridade do seu legítimo pastor”. João Paulo II nomeou a 11 de Fevereiro de 2005 D. Filomeno Vieira Dias, então Bispo Auxiliar de Luanda, como Bispo de Cabinda, em substituição de D. Paulino Madeca, que resignou por ter atingido o limite de idade. Esta nomeação gerou fortes protestos entre alguns dos fiéis católicos locais, que reclamam a nomeação de um Bispo natural do enclave, e não de Luanda.

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