Crise e escravidão na Via-Sacra do Papa

Meditações vão ser lidas no Coliseu, em Roma, esta Sexta-feira Santa

Cidade do Vaticano, 18 abr 2014 (Ecclesia) – O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Papa divulgou os textos das meditações das estações da Via-Sacra que o Papa Francisco vai presidir nesta Sexta-feira Santa no Coliseu de Roma.

D. Giancarlo Bregantini, arcebispo de Campobasso-Boiano (Itália), é o autor dos das reflexões e enumera, nas 14 estações, as chagas sociais da atualidade.

O texto refere que no madeiro da Cruz levado por Jesus até ao calvário estão “o peso de todas as injustiças que produziram a crise económica, com as suas graves consequências sociais: precariedade, desemprego, demissões, dinheiro que governa em vez de servir, especulação financeira, suicídios de empresários, corrupção e usura, juntamente com empresas que deixam os países”.

D. Giancarlo Bregantini alude também ao sofrimento das mulheres e pede para que se chore “pelas mulheres escravizadas pelo medo e a exploração”, afirmando que “não basta bater no peito e sentir comiseração”.

As mulheres devem “ser tranquilizadas como Ele fez, devem ser amadas como um dom inviolável para toda a humanidade”, acentua o arcebispo italiano.

Na Via-Sacra, presidida pelo Papa Francisco, o texto tem como tema «Rosto de Cristo, Rosto do Homem».

Numa das estações, D. Giancarlo Bregantini critica também as condenações e “acusações fáceis, os juízos superficiais entre o povo, as insinuações e os preconceitos que fecham o coração e se tornam cultura racista, de exclusão e de descarte, juntamente com as cartas anónimas e as calúnias horríveis”.

Perante estas fragilidades, o autor das reflexões questiona se os homens/mulheres de hoje sabem “ter uma consciência recta e responsável, transparente, que nunca volte as costas ao inocente, mas se posicione, com coragem, em defesa dos fracos, resistindo à injustiça e defendendo em todo o lado a verdade violada?”

Segundo D. Giancarlo Bregantini, Jesus ensina a viver, “não mais na injustiça, mas capazes, com sua ajuda, de criar pontes de solidariedade e esperança, para não sermos ovelhas errantes nem extraviadas nesta crise”.

“Lutemos juntos pelo trabalho na reciprocidade, vencendo o medo e o isolamento, recuperando a estima pela política e procurando juntos a saída para os problemas”, sublinha.

D. Giancarlo Bregantini pertence à Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo e é arcebispo de Campobasso-Boiano, no centro da Itália.

É conhecido pelas suas posições contra a Mafia, que o levaram a publicar um livro dedicado ao tema, em 2011.

LFS/OC

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Agência ECCLESIA

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