Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian considerou que sistema capitalista tem mais benefícios de defeitos A falta de moral foi a razão apontada por Diogo Lucena para a crise económica e financeira que o mundo atravessa actualmente. No IV Congresso da Associação Cristã de Empresários e Gestores a decorrer na Universidade Católica, em Lisboa, Diogo Lucena, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, defendeu que o sistema capitalista é o melhor quando comparado com os outros. “Tiramos da miséria milhões de pessoas, por isso temos de aproveitar este sistema”, considerou. “Não é razoável comparar o sistema com outros utópicos que não existem”. Diogo Lucena considerou que o mercado livre pode corromper a moral das pessoas que sob pressão, têm de alcançar objectivos. No entanto, considerou, que a concorrência que marca o sistema de mercado e o sistema político “leva a comportamento amorais mas também leva à cooperação”. “O balanço é que sim tem alguns incentivos de corrupção, mas também de cooperação. O meu sim é mais positivo que o meu não”, enfatizou. O administrador da Fundação Calouste Gulbenkian defendeu que a moralidade se regista ao nível das pessoas, não das empresas. “Não há empresas morais e amorais”, considerou acrescentando ainda que também as pessoas “tomam decisões consoante o seu contexto”. Por isso defendeu o “que cria o contexto para as pessoas tal como elas são. Todos os sistemas que pretenderam criar um homem novo levaram à miséria. A história mostrou o quanto isso foi errado. É preferível criar o sistema reconhecendo que o esforço e a tensão é permanente, mas canalizando o lado bom das pessoas e reconhecendo que todos são diferentes”. “A maneira correcta de pensar é como corrigir e não como vamos deitar fora”, defendeu. Diogo Lucena afirmou a importância da responsabilidade individual. Presente também no Congresso da ACEGE, o ex-ministro das Finanças Luís Campos e Cunha apontou diferentes implicações de diversas áreas que concorreram para explicar a situação de crise. Esta crise não é explicada como uma consequência de “vigaristas”. “Há problemas éticos. Cada país tem um Bernard Madoff, mas a crise é mais profunda do que o problema de uma sequência de Madoff”. Luís Campos e Cunha considerou que as razões da crise “são um somatório de comportamentos individuais, que na maioria dos casos não eram censurados, mas que agregados provocaram a crise”. “A ânsia de arranjar um culpado é natural. Tem a vantagem de livrar todos os outros”, ironizou. “É mais complicado do que isso”. O ex-ministro das Finanças criticou as medidas populistas e a intervenção exagerada do Estado. “Vamos viver um ambiente mais populista, do ponto de vista das políticas públicas. Todos os meses há uma política Robin dos Bosques”. Luís Campos e Cunha considerou que “Portugal vai sair pior da crise do que quando entrou”.