Celebração do Dia Diocesano da Família do Porto, em Felgueiras O Papa Bento XVI vai estar em 8 e 9 de Julho em Valência, Espanha, para presidir ao 5º Encontro Mundial das Famílias. Há pouco ainda, por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, dedicou-se uma semana ao tema “Família e Vida”. Por esta altura do ano pastoral, em muitas dioceses portuguesas celebra-se um Dia diocesano da Família. Nesta diocese do Porto, isso acontece todos os anos no dia da Santíssima Trindade, e neste ano de 2006 terá lugar em 11 de Junho, no Monte de Santa Quitéria, em Felgueiras. Tudo isto é sinal evidente de que a Igreja dos nossos dias está muito atenta aos problemas, dificuldades e também às virtudes, alegrias e esperanças da Família, nomeadamente da família cristã, qual “Igreja doméstica”. Diz-se que a família está em crise. Será crise da família ou crise da sociedade? Toda a crise pode ter e tem um lado positivo. A crise em si mesma não é má: é julgamento e provação de crescimento e aprofundamento das raízes. É evidente que o ideal cristão de família esteve sempre em crise, porque não é fácil, mas é possível. E concretizou-se no decorrer dos séculos em numerosas famílias e em famílias numerosas, até chegarmos ao ponto de vermos em nossos dias subirem às honras dos altares casais que se distinguiram pela santidade heróica no quotidiano da vida familiar. Quando o vento varre a floresta, as árvores débeis caem e caem as de raízes pouco profundas. Mas as que se agarraram à terra, essas abanam mas mantêm-se de pé. Hoje, ventos fortes de agitação varrem as sociedades ocidentais. É o laicismo militante, é a indiferença, é o materialismo, o individualismo e o desconhecimento ou negação de Deus. E quem não tem cautela ou não está seguro vai na corrente. A família está no cerne da sociedade. Não admira que sinta e sofra os abalos que se cruzam em várias direcções. As famílias cristãs precisam de não ter medo das crises, mas para isso têm de firmar-se sobre a rocha. E a Rocha é Cristo. Nada melhor do que estudarem os seus fundamentos bíblicos e associarem-se, à sombra do campanário da Igreja, em equipas, grupos e movimentos, sem pretensão de tudo resolverem dentro do templo: é no campo e ao sol que o trigo cresce e amadurece… Como aquele celebrado casal Priscila e Áquila que acompanhou Paulo nas suas viagens, a família cristã toma consciência de que é Igreja missionária. Reza e contempla a Palavra de Deus. Faz catequese em casa pela palavra e pelo exemplo. Participa da Comunidade paroquial. E apresenta ao mundo, sem espectáculo mas também sem medo e com ousadia, o melhor que tem para oferecer: o testemunho de um amor conjugal fiel e duradoiro, mesmo que não isento de pecados. As paróquias dão-se conta cada vez mais de que este é um campo a precisar de ser intensamente cultivado. E acreditam que, se fizerem o que lhes compete, o Senhor da Messe fará chover e dará o sol necessário a toda a colheita de bons frutos. A pastoral da família ainda não chegou a todos os recantos da Diocese do Porto. Há muito caminho para andar. Mas devemos dar graças a Deus pelo que já se fez. A dedicação de muitos casais – nomeadamente do Secretariado diocesano, de algumas Vigararias e das Equipas paroquiais já existentes – é um prenúncio de que o caminho é por aí. Bem hajam todos quantos, na sociedade e na Igreja, trabalham pelo bem das famílias: o pão e a casa, o emprego e o lazer, o amor e a educação, a fraternidade e a paz familiar, o sentido do sofrimento quando a provação bate à porta!… Bem hajam! D. João Miranda Teixeira, Bispo Auxiliar do Porto, responsável pela Pastoral familiar