D. Manuel Clemente lembrou aos católicos que estão proibidos de desistir na busca de soluções
Lisboa, 19 fev 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa desafiou a comunidade católica a procurar soluções para a crise, na sua mensagem para a Quaresma 2015, lamentando que alguns sinais de “recuperação” tardem em ter consequências na vida de muitos.
“Mesmo alguns sinais de recuperação económica demoram em repercutir-se na vida e no estado de espírito de muitas pessoas e famílias, que por excessivos encargos e falta de trabalho e perspetivas não conseguem satisfazer necessidades básicas, nem olhar com otimismo o futuro, especialmente os mais jovens”, refere D. Manuel Clemente, que foi criado cardeal no último sábado.
A reflexão foi apresentada esta quarta-feira, na celebração de Cinzas que decorreu na Sé de Lisboa.
Segundo o novo cardeal português, a Igreja é chamada a ter uma atitude de “misericórdia” para enfrentar a “irrecusável urgência das necessidades acrescidas do tempo que corre.
Neste contexto, admitiu que existam divergências legítimas na “análise dos problemas”, mas sustentou que não pode haver “desistência ou atraso quanto ao essencial”, ou seja, “responder com empenho às carências pontuais ou persistentes da sociedade”.
“Por serem crentes, em tudo hão de estar com os sentimentos de Deus revelados em Cristo, isto é, com misericórdia que os aproxime de toda a pobreza e fragilidade, em comprovada presença e concreto apoio, correspondendo às multiplicadas carências dos outros”, apelou.
D. Manuel Clemente propôs às comunidades católicas uma Quaresma que “reconcilie com os sentimentos de Deus”, com referências às práticas da esmola e jejum como “sobriedade solidária”.
“Este é o lugar que queremos, na Quaresma que encetamos. Para que, finalmente, ninguém fique de fora”, prosseguiu.
O patriarca de Lisboa anunciou que a renúncia quaresmal de 2014 reuniu 300 mil euros para a Ajuda de Berço, destinados à construção de uma unidade de cuidados continuados pediátricos.
Em 2015, este contributo dos católicos vai apoiar instituições sociais diocesanas: a Casa do Gaiato de Lisboa e a Comunidade Vida e Paz.
A Quaresma, que se iniciou com a celebração de Cinzas, é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
Neste contexto surge a renúncia quaresmal, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo da sua diocese.
OC