D. Ilídio Leandro alerta para consequências da ausência de esperança para quem vive «mar de dificuldades»
Viseu, 27 nov 2012 (Ecclesia) – O bispo de Viseu mostrou-se preocupado com a falta de um rumo para Portugal e Europa, face ao atual momento de crise, confessando-se chocado com a “falta de esperança”.
“Parece que os políticos portugueses e europeus vivem hoje a ausência de esperança. Vive-se dentro de um mar de dificuldades sem perspetiva de saída”, refere D. Ilídio Leandro, em entrevista à ECCLESIA, hoje publicada no seu semanário.
O prelado abordou os desafios que se colocam à Igreja viseense, a viver um Sínodo desde 2010, perante os sinais de afastamento da prática religiosa, por parte dos católicos, e face a uma situação económica e social que coloca cada vez mais problemas.
O bispo de Viseu precisa que as 84 Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da diocese “começam a não ter capacidade de resposta para todos os pedidos, sobretudo às maiores dificuldades que se centram no emprego”.
“A diocese sente-se impotente perante muitos destes aspetos”, admite.
D. Ilídio Leandro lamenta que os responsáveis políticos “apenas apresentem cargas e cortes e diminuição de expetativas de crescimento e desenvolvimento que tiram a capacidade de reação das pessoas”.
“Acredito que não vamos ficar aqui. O esforço que estamos a fazer, que é notório, brevemente vai apresentar a luz no túnel”, adianta.
A Diocese de Viseu iniciou em 2010 um processo sinodal que, até 2015, envolve leigos, religiosos e padres católicos no estudo e apresentação de propostas para renovar a ação da Igreja.
“Estamos a fazer este caminho e vamos acreditar que ao longo destes cinco anos vai ser fundamental na nossa renovação dar perspetivas de esperança a todos que se sentem descrentes”, afirma.
Os resultados do recenseamento da prática dominical mostraram que menos de 20% da população participa nas missas celebradas no território diocesano, o que levou o bispo a propor como tema para o atual ano pastoral ‘É domingo, juntos na festa’.
O objetivo, explica, é “marcar este dia junto dos que vão à missa mas também junto de quem não pratica e não tem fé”.
Em relação aos primeiros anos do Sínodo, um organismo consultivo convocado pelo bispo, D. Ilídio Leandro traça um balanço positivo e apresenta como primeira conclusão a necessidade “essencial” de formação para os católicos, para que estes possam “viver uma identidade a partir do reconhecimento de valores fundamentais que devem construir o crente”.
O programa ECCLESIA (RTP2, 18h00) vai transmitir excertos desta entrevista na quinta-feira.
OC