Crise: Bispo de Beja diz que a verdadeira «produtividade» está em fazer da vida «um dom e uma oferta»

D. António Vitalino abordou novamente a questão dos cortes nos feriados, depois da celebração do Corpo de Deus

Beja, 03 jun 2013 (Ecclesia) – O bispo de Beja retomou a questão dos cortes dos feriados para defender que, mais do que acabar com certos dias de “descanso e festa”, a solução para a crise reside na construção de uma sociedade mais solidária. 

“Creio que a nossa falta de produtividade não resulta de termos mais ou menos feriados, mas de não vivermos a vida como um dom e uma oferta”, realça D. António Vitalino na sua nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA. 

Este ano, “pela primeira vez” – salienta o prelado – a solenidade do Corpo de Deus foi celebrada em Portugal “a um domingo e não na quinta-feira a seguir ao domingo da Santíssima Trindade, por causa das medidas de austeridade”. 

Os cortes nos feriados atingiram ainda o Dia de Todos os Santos (1 de novembro) e mais dois feriados civis: o 5 de outubro, que recorda a implantação da República portuguesa em 1910; e o 1 de dezembro, que assinala a restauração da independência de Portugal concretizada em 1640. 

Apesar destas medidas e “dos sacrifícios feitos por tantas famílias que ficaram sem trabalho remunerado ou sem clientes para os seus pequenos comércios familiares”, a crise continua “sem fim e solução à vista”, aponta o bispo alentejano. 

Para D. António Vitalino, o caminho para a reabilitação do país tem de passar pela construção de uma sociedade mais equitativa e solidária, à imagem dos “ensinamentos de Jesus” e da Doutrina Social da Igreja. 

“Quem tem fé” e baseia a sua vida nos valores do Evangelho “aprende a otimizar os seus recursos e energias, para que todos tenham a vida em abundância”, sublinha o prelado. 

Na opinião daquele responsável católico, procurar a recuperação do país através de coordenadas meramente economicistas, sem ter em conta o fator humano e espiritual, só conduzirá o país a mais um beco sem saída e a dividendos bem diferentes daqueles que se pretendem atingir. 

“Sem descanso, sem amor, sem festa, o trabalho torna-se escravidão e pouco produtivo”, alerta D. António Vitalino. 

JCP

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