D. Manuel Linda assina mensagem para Semana Nacional da Cáritas 2014
Lisboa, 15 mar 2014 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança defendeu a necessidade de renunciar a “direitos burgueses”, perante a atual crise económica, em favor dos mais pobres.
“O futuro novo, que só o Reino de Deus realizará em plenitude, reclama que esses direitos dos pobres sejam assumidos como prioridade. Ainda que isso suponha alguma redução dos nossos direitos burgueses, já que não são da mesma ordem de urgência”, escreve D. Manuel Linda, que assina a mensagem para Semana Nacional da Cáritas 2014, enquanto membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
A Cáritas Portuguesa vai assinalar este ano a sua semana nacional a partir de segunda-feira, à volta do tema ‘Unidos no amor, Juntos contra a fome’ e com atenção particular às vítimas da crise.
D. Manuel Linda dá como exemplo a necessidade de renunciar ao “automóvel «topo de gama»” para permitir a aquisição do “medicamento para a aterosclerose múltipla” que o vizinho não pode comprar “por insuficiência económica”.
“Neste caso, por mais que isso me custe a entender, o meu vizinho tem «direito» a que eu lhe pague o medicamento. Mesmo que, por causa disso, eu não possa comprar o tal carro”, insiste, no texto enviado hoje à Agência ECCLESIA.
O bispo das Forças Armadas e de Segurança sublinha que se “a afirmação dos «direitos dos pobres»” é “central na Bíblia, os cristãos “não podem deixar de reconhecer esses direitos como instância crítica para a sua fé e como uma obrigação urgente de atuação”.
“Jesus mostra a natureza da salvação que vem anunciar e realizar: não se trata de uma mera doutrina, mas de gestos de compromisso efetivo para com quem se encontra em situação degradante”, precisa D. Manuel Linda.
A Semana da Cáritas, prossegue, pretende atingir estes objetivos, procurando “«espicaçar» as consciências”, ao lembrar que “a caridade cristã é consequência inseparável da fé” e ao “formar para a partilha e para a solidariedade”.
“Como resposta, procura que os cristãos vão mesmo «para o terreno», para as «periferias da existência», como diria o Papa Francisco, e realizem obras concretas, fruto de um amor generoso e gratuito, à imagem do de Deus”, acrescenta.
Esta semana está integrada na campanha internacional de luta contra a fome – ‘Uma só família humana, alimento para todos’ -, promovida pela Caritas Internationalis, que tem por objetivo o combate à fome e ao desperdício alimentar.
Segundo D. Manuel Linda, no “Portugal da crise económica refletida sobretudo nos mais vulneráveis”, é preciso atender à “dimensão mais básica de existência humana”.
“Para isso, precisa-se do contributo de todos, seja o económico, seja a atuação real. Até porque passa por aí a verdadeira condição cristã”, sustenta.
O bispo fala da fome como uma “enorme vergonha” para o mundo “sofisticado e desenvolvido, com capacidade de produção de alimentos como nunca existiu, mas que faz do seu desperdício e destruição uma técnica para controlo dos preços”, mesmo que muitos morram de fome.
“Vergonha! É esta a melhor expressão de um mundo «velho» assente nos piores instintos da avidez e da insolidariedade”, lamenta.
A par de um conjunto de ações locais de reflexão e debate com os cidadãos, a Semana Nacional da Cáritas incluiu o peditório público que se realizará em diversas cidades e estabelecimentos comerciais, entre os dias 20 e 23 deste mês.
OC