O relatório sobre “Criminalidade e desenvolvimento na África” mostra uma espécie de ciclo vicioso: a criminalidade alimenta o subdesenvolvimento, o subdesenvolvimento facilita a criminalidade. Esta, por sua vez, é ao mesmo tempo causa e consequência de violência, corrupção e má governação. Tudo isto é explicado no documento apresentado pelo secretariado da ONU contra a droga e o crime (Unodc), apresentado pelo seu director, o italiano Antonio Maria Costa. O estudo destaca vários factores socio-económicos que tornam o Continente africano mais vulnerável ao crime: pobreza, fome, doenças, exploração, tráfico de seres humanos, armas, droga, corrupção, entre outros. Os dados mostram que 5 milhões de pessoas foram vítimas das guerras, em África, ao longo dos últimos 50 anos. Em entrevista à Rádio Vaticano, o director do Unodc, explica que “elementos considerados como a força de uma economia podem ser, neste caso, grandes fraquezas”. “A grande urbanização cria tensões na cidade, nos bairros de lata, e traz o crime; a idade jovem de 2/3 do Continente africano torna as pessoas extremamente vulneráveis ao crime”, elenca. Segundo este responsável, o objectivo prático do estudo é “estimular os governos africanos a inserir a prevenção e o controlo do crime nas políticas nacionais”. O relatório deixa uma palavra de esperança ao falar de um novo “clima político”, inspirado por regimes democráticos, novos chefes de Estado empenhados na luta contra a corrupção e novas formas de integração política na União Africana.
