Fenómenos como o bullying, a violência doméstica e a pedofilia estão a gerar jovens «tristes, assustados e até com tendências para o suicídio»
Lisboa, 01 jun 2014 (Ecclesia) – A mensagem do Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC), para o Dia da Criança, que se celebra hoje, expressa “grande preocupação” pelas situações de violência que se têm abatido sobre os mais novos.
O organismo, ligado à Igreja Católica, alerta para as “marcas profundas” que as agressões físicas, verbais e psicológicas do "bullying" ou fenómenos como “a violência doméstica” e “a pedofilia” deixam “no mais íntimo de cada criança e adolescente”.
A carta do MAAC partiu de uma reflexão feita nos vários grupos do movimento, com as crianças e os adolescentes.
“O desemprego dos pais, o desentendimento entre o casal, a falta de confiança, a solidão”, a procura de afirmação de “superioridade”, da parte “de algumas pessoas e até dos amigos da escola” ou “a ilusão de encontrar amizades verdadeiras” são alguns dos fatores que potenciam situações de risco para as crianças.
“O facto de não terem voz ativa, terem medo e vergonha de denunciar as situações de abusos sexuais provoca um enorme sofrimento em muitas destas crianças e consequências diversas como: o isolamento, o medo de ir para a escola; o receio em falar aos pais por medo de sofrerem represálias dos agressores; o insucesso escolar”, salienta o MAAC.
A pobreza, em virtude do desemprego que atinge hoje milhares de portugueses, é “outro problema sentido fortemente hoje pelas crianças no país”.
“Perante estas realidades, há crianças e adolescentes tristes, assustados e até com tendências para o suicídio”, lamenta o movimento.
O organismo católico olha também para a realidade internacional, para as novas gerações que veem o seu futuro adiado e os seus “direitos fundamentais” ameaçados por situações de conflito, como na Síria, e por “redes organizadas” de escravatura, exploração e tráfico humano.
Entre outros problemas, o MAAC lamenta a “pressão” a que estão hoje sujeitas “muitas crianças e jovens”, no meio de “uma sociedade cada vez mais competitiva, que lhes retira tempo para brincar, conviver com outros, para crescer” normalmente.
Neste quadro, e no âmbito do Dia Mundial da Criança, o Movimento de Apostolado deixa algumas propostas para inverter esta conjuntura, que condiciona o desenvolvimento dos mais novos.
De acordo com o MAAC, é essencial construir uma sociedade onde “se dê tempo às crianças para serem simplesmente crianças, para brincarem, para viverem o respeito, o amor, a partilha no seio das suas relações familiares e sociais”.
Os promotores desta mensagem defendem ainda a urgência de evitar que os mais novos fiquem sujeitos “à violência e à privação” da guerra e de reconhecer “cada criança como protagonista na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, escutando as suas aspirações e opiniões e valorizando as suas iniciativas de cidadania”.
JCP