Criação e evolução

Papa defende que fé e ciência não têm de entrar em conflito, mas lembra que há questões que ultrapassam esta última Bento XVI voltou a abordar a questão da criação e da evolução, considerando que ciência e fé não têm de estar em confronto: Deus criou a vida e esta evolui. O Papa afirma que a teoria de Charles Darwin não pode ser provada completamente, enaltece o progresso científico e não aprova as visões dos defensores do criacionismo. Esta intervenção domina o livro “Schoepfung und Evolution” (Criação e Evolução), publicado na Alemanha. A obra surge depois do encontro de estudo, em Setembro do ano passado, entre o Papa e o círculo dos seus antigos alunos, o chamado “Ratzinger-Schülerkreis”, sobre este tema. “O processo em si é racional, apesar dos erros e da confusão quando passa por um corredor estreito, escolhendo algumas poucas mutações positivas e usando baixa probabilidade”, diz Bento XVI. “Isso… inevitavelmente leva à questão que vai além da ciência… de onde vem esta racionalidade?”, pergunta. Em resposta à própria questão, o Papa afirma que vem da “razão criativa” de Deus. Por isso, assinala que a evolução tem uma racionalidade que a teoria de selecção puramente aleatória não consegue explicar. Entre o evolucionismo neo-darwinista, que exclui qualquer presença sobrenatural do processo evolutivo, e o criacionismo, que lê à letra os relatos de Génesis, procura-se um espaço para o “projecto” divino que, segundo a doutrina católica, guiou o nascimento da vida sobre a terra. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica explica que “Deus criou o universo livremente, com sabedoria e amor” e que “o mundo não é o produto duma necessidade, dum destino cego ou do acaso”. A Teoria da Evolução foi evocada várias vezes pelo Papa, desde o início do seu Pontificado. Na própria Missa de início de Ministério, a 24 de Abril de 2005, Bento XVI afirmou na homilia que “nós não somos o produto casual e sem sentido da evolução”, explicando que cada um “é o fruto de um pensamento de Deus”. A 6 de Abril de 2006, num encontro com os jovens da Diocese de Roma, o Papa explicou que “a grande opção do Cristianismo é a opção pela racionalidade e pela prioridade da razão”, “que nos mostra como por trás de tudo haja uma grande Inteligência, na qual podemos confiar”. Nesse discurso rejeitou uma outra opção possível, pela qual “se defende a prioridade do irracional, segundo o qual tudo o que acontece na nossa terra e na nossa vida seria apenas ocasional, marginal, um produto irracional a razão seria um produto da irracionalidade”. Na Vigília Pascal do ano passado, a 15 de Abril, o Papa falou da ressurreição de Cristo utilizando “por uma vez a linguagem da teoria da evolução” como “a maior «mutação», em absoluto o salto mais decisivo para uma dimensão totalmente nova”. Na obra agora publicada, Bento XVI lembra que a ciência abriu “largas dimensões da razão”, mas defende que “os seus resultados levam-nos a questões que estão para lá da sua regra metodológica e não podem ser respondidas no seu interior.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top