Criação de nova diocese em Timor está parada

O processo de criação da terceira diocese de Timor- Leste «está parado», revelou em Lisboa, o bispo de Baucau, D. Basílio do Nascimento, depois de uma audiência com o Presidente Jorge Sampaio no palácio de Belém. «A perspectiva do Vaticano era fazer coincidir as zonas das dioceses com as zonas administrativas, só que o Governo timorense decidiu alterar as zonas [em que se divide o país], de três para cinco, e estamos à espera que as coisas fiquem mais definidas para se criarem as dioceses», explicou o prelado timorense. A formação de uma terceira diocese, prevista para Same, no distrito de Manufahi, no sul do país, é muito importante para a Igreja de Timor-Leste, porque lhe permitirá formar uma Conferência Episcopal e, consequentemente, passar a ter a seu cargo a administração dos assuntos da religião católica no país. Enquanto tal não acontecer, as dioceses de Díli e Baucau terão de continuar a depender directamente da Santa Sé. Na última visita a Portugal, em Junho, D. Basílio do Nascimento falava num processo que deveria demorar «dois a três anos» até se criar a diocese de Same, mas ontem já não falou em prazos. «Neste momento, estamos na expectativa. A partir do momento em que haja uma clarificação da parte civil, do lado da Igreja acredito que se acelerará as tomadas de posição para que as coisas se efectivem», acrescentou. O bispo de Baucau também se mostrou «admirado » com as recentes afirmações do presidente timorense, Xanana Gusmão, e do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, sobre a violência em Timor-Leste, garantindo que o «apanharam de surpresa». Em declarações à Agência Lusa, D. Basílio do Nascimento disse que «os casos de violência têm sido pontuais e não há uma situação de violência sistemática e contínua como há alguns anos. Estou admirado que isto tenha acontecido». O bispo de Baucau acrescentou que esse «descontentamento » poderá ser ultrapassado com a ajuda do petróleo. Mas este só será «uma grande ajuda» para o desenvolvimento de Timor-Leste se o país souber «usar esse dinheiro», caso contrário «em vez de ser um benefício » será um «malefício constante». «Não gostaria que [o petróleo] fosse a solução base [para o desenvolvimento]. Temos exemplos de outros países, que quando passaram da pobreza para a abundância, sem uma transição controlada, o petróleo, em vez de ser um benefício, tornou-se um malefício constante», explicou o prelado timorense.

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