A Santa Sé acolhe desde ontem uma consulta internacional para analisar o fenómeno da New Age. A iniciativa foi lançada pela Comissão do Vaticano para as seitas e os novos movimentos religiosos. Esta iniciativa surge depois da publicação do relatório intitulado “Jesus Cristo portador da água viva: uma reflexão cristã sobre o movimento New Age”, redigido, em Fevereiro de 2003, pelo Conselho Pontifício para a Cultura e pelo Conselho Pontifício para o Diálogo inter-religioso. Da leitura deste documento surge a certeza de que New Age e catolicismo não são iguais, uma diferenciação importante num mundo em que as pessoas flutuam constantemente entre certezas e incertezas nas suas convicções religiosas. Até 16 de Julho, serão discutidas as técnicas psicológicas promovidas pela “Nova Era”, e as propostas do movimento na sua relação com a espiritualidade cristã. O objectivo dos organizadores será chegar a algumas indicações para uma reflexão pastoral sobre o fenómeno, indicações que serão depois passadas aos bispos. A reunião foi preparada baseando-se nas respostas das Conferências Episcopais. O cardeal Paul Poupard, responsável do Vaticano para a área da cultura, apresenta três propostas para enfrentar “esta nova religiosidade que apresenta um Deus sem rosto e uma dimensão cósmica sem raízes na história”. Em primeiro lugar, explicou à Rádio Vaticano, “a autêntica oração, que não é introspecção psicológica”. Depois, o cardeal francês propõe “o regresso à grande antropologia cristã, ou seja, ao papel central da pessoa humana”. Por último, o cardeal Poupard sugere “um grande esforço por parte da Igreja, sobretudo nas catequeses, nas homilias, para oferecer um novo ensinamento sobre as relações da fé e sobre os questionamentos das pessoas”. A corrente New Age tem assumido grande influencia na cultura actual, especialmente no que se refere à cultura dos sectores mais jovens da população e nos meios universitários, como iniciação e encorajamento aos sincretismos religiosos e aos esoterismos. O New Age e as suas comunidades cibernaúticas são, para a Santa Sé, “um fenómeno global, sustentado com a informação dos meios de comunicação social” que tem uma das suas maiores forças no facto de não requerer nenhuma forma de pertença: “o domínio da internet é um espaço onde as relações humanas podem ser muito impessoais, ou interpessoais apenas num sentido muito limitado”. Notícias relacionadas • Os caminhos interditos do sincretismo religioso
