D. José Pereira presidiu às exéquias fúnebres de bombeiro da Covilhã e exortou comunidade nacional a «encontrar novas abordagens» na prevenção dos fogos

Guarda, 19 ago 2025 (Ecclesia) – O bispo da Guarda exaltou hoje a heroicidade dos bombeiros que “se entregam, muitas vezes até à exaustão, para combater os incêndios”, nas exéquias fúnebres de Daniel Agrelo, bombeiro da Covilhã que morreu num acidente quando se deslocava para combater um fogo.
“A partida do bombeiro Daniel Agrelo nas condições que todos sabemos, evoca-nos a verdadeira heroicidade de tantos que doam as suas vidas, diariamente, e em situações de risco e emergência, para cuidar das vidas de tantos outros”, afirmou D. José Pereira, na homilia proferida no Salão dos Bombeiros Voluntários da Covilhã e enviada à Agência ECCLESIA
Segundo o bispo diocesano, “verdadeiros heróis são todos os homens e mulheres de todos os Corpos de Bombeiros (Voluntários e Sapadores), Sapadores Florestais, Unidades de Emergência, Proteção e Socorro das Forças de Segurança e das Forças Armadas, todos os agentes que verão após verão se entregam, muitas vezes até à exaustão, para combater os incêndios”.
D. José Pereira destacou também a heroicidade de “todos os homens e mulheres”, “populares” das “aldeias e lugares que, vendo-se em risco de perder todo o trabalho de uma vida, e sentindo-se abandonados pelas forças de proteção civil que não aparecem pois não chegam para todas as necessidades, defendem as terras, os animais, os negócios e as vidas uns dos outros, num verdadeiro espírito de comunhão e ajuda mútua”.
“Mas se todos eles são heróis pela entrega e doação, não conseguem ser, nem se lhes pode exigir que sejam super-heróis. Estes são personagens do cinema e da banda desenhada. Aqueles são heróis de carne e osso, pessoas reais que merecem outro tratamento”, apontou.
O bispo da Guarda exortou a “comunidade nacional – decisores políticos, autoridades instituídas, investigadores académicos, agentes económicos, iniciativa local” – a “encontrar novas abordagens”.
Parece não bastar preparar previamente meios operacionais e realizar ações de combate aos incêndios entre Julho e Setembro. Parece não bastar promover algumas ações de limpeza, por parte de Câmaras e/ou privados, que só alcançam terrenos acessíveis num território de serra e florestas sem acessibilidades”, alertou.
Segundo o bispo, é preciso mais do que “promover algumas ações de limpeza, por parte de Câmaras e/ou privados, que só alcançam terrenos acessíveis num território de serra e florestas sem acessibilidades” e superar a “lógica de conservação da Natureza sem gestão da floresta, e do fogo frio e controlado, entre outubro e junho, por parte de agentes preparados para o efeito”.

“Parece não bastar o indispensável serviço das Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários, sobrecarregadas por múltiplas áreas humanitárias de socorro, sem complementar com uma robusta rede nacional (e não apenas costeira) de Bombeiros Sapadores profissionalizados”, acrescentou.
Apesar de considerar que não lhe compete “fazer política no sentido estrito do termo”, o bispo da Guarda refere que “a visão humanista e integral do pensamento social cristão” exige que alerte “para a necessidade de esforços de todos para políticas que superem as disputas eleitorais e atendam com realismo às situações diversas do nosso território”.
“Nesta hora e nesta celebração, rezemos pelo bombeiro Daniel Agrelo: se ainda necessitar, que a nossa oração lhe aproveite à purificação dos sentidos sobrenaturais para poder ver a Deus face a face”, referiu.
No final, D. José Pereira pediu orações pela família de Daniel Agrelo, “pelos Bombeiros da Covilhã, por todos os que se veem ameaçados pelos incêndios, pelos que combatem os fogos, e por todos os que têm responsabilidades de decisão em favor do bem comum”.
O bombeiro do Corpo de Bombeiros da Covilhã, de 44 anos, morreu no domingo num acidente de viação, que deixou mais quatro bombeiros feridos, quando seguia para um incêndio rural que deflagrou no concelho do Fundão.
Esta é a segunda morte registada este ano nos incêndios rurais, depois de na sexta-feira, um ex-autarca de Vila Franca do Deão, no concelho da Guarda, morreu no combate às chamas, aos 43 anos, informa a Lusa.
LJ/PR