Covid-19: Zero mortes e vacinação «praticamente completa» desafia a pensar nos «lares do futuro»

Presidente da CNIS considera situação «mais calma» uma oportunidade para pensar nos «lares do futuro ou do presente», alerta para o problema da sustentalidade e pede «progressiva mas acelerada abertura» dos centros de dia

Foto: Lusa

Porto, 27 abr 2021 (Ecclesia) – O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) destacou positivamente as duas semanas sem mortes por Covid-19 nos lares, fruto de “dois grandes contributos”, a vacinação e a diminuição de infeções na comunidade.

“É muito bom e é sinal que há dois grandes contributos: A vacinação, que está praticamente completa nos lares, e a diminuição na comunidade também contribui para que haja menos contágios e as pessoas estão mais salvaguardadas”, disse hoje o padre Lino Maia, em declarações à Agência ECCLESIA.

Segundo o presidente da CNIS só não foi vacinado contra a Covid-19 quem já “esteve infetado, trabalhadores e utentes”, do conjunto dos lares em Portugal, “e não apenas do setor social e solidário”.

Foto: Lusa

A vacinação contra a Covid-19 nos lares de idosos, em Portugal continental, começou no dia 4 de janeiro, em Mação, e o padre Lino Maia indica que os números de surtos ativos “são residuais”, “se houver algum, será um ou dois”, quando no “pico” contabilizaram “383 no conjunto dos lares, em todo o universo, em meados de fevereiro”, com meses de “muito medo, muita instabilidade” desde dezembro de 2020.

“O ambiente nos lares por parte de dirigentes, trabalhadores e dos próprios utentes, é de mais serenidade, mais calma. Vivia-se numa situação muito complicada, ainda que não decorressem surtos havia sempre o receio, e ainda há, não podemos baixar a guarda”, desenvolveu o sacerdote.

No final de fevereiro, o presidente da CNIS esperava que o início de maio trouxesse alívios nas regras das visitas aos lares e ainda está “confiante”.

“A generalidade dos utentes está vacinada, na comunidade está um pouco atrasada (20%) e é preciso ainda cuidado, mas se existirem os equipamentos de proteção, se for um contacto muito breve… As visitas estão a correr bem! Espero que em maio possa haver mais intercomunhão entre os idosos e as respetivas famílias”.

Com a situação “mais calma” há condições para se rever “os lares do futuro ou do presente”, nomeadamente terem os “utentes mais protegidos”, que normalmente, são pessoas idosas, com histórico de saúde “muito difícil que precisam de cuidados”.

“A saúde tem que voltar o seu olhar para estes lares, agora começou a voltar, um bocado ainda forçada mas tem que ser normal, saúde e Segurança Social tem que voltar os seus olhares para esses setores”, realçou.

Ainda sobre o presente e o futuro, segundo o padre Lino Maia, a “sustentabilidade” das instituições é a “grande, a enorme preocupação” da CNIS mas também da União das Misericórdias, da CONFECOOP e da União das Mutualidades.

“A sustentabilidade já era preocupante e esta pandemia agravou porque houve custos muito acrescidos. É muito importante que a comunidade, no caso o Estado, volte a olhar para estas instituições porque se colapsarem é o fim”, alertou o responsável.

No processo de desconfinamento gradual que Portugal está a viver por causa da pandemia, no dia 5 de abril estava previsto a reabertura dos centros de dia mas, o presidente da CNIS, adianta que a “maioria” ainda está fechada.

“Muitos centros de dia estavam acoplados com instalações comuns a outras valências, e foi necessário fazer adaptações, não tem havido a celeridade na aprovação dessas adaptações para que comecem a funcionar. No país cerca de 1/3 dos centros de dia estão abertos mas com uma frequência não a 100% e a frequência não está a ser significativa”, desenvolveu.

O padre Lino Maia salienta que é preciso caminhar-se para uma “progressiva mas acelerada abertura” dos centros de dia para que os utentes “possam conviver, respirar mais saudavelmente”, porque os idosos precisam de “ser em relação com outras pessoas” e o apoio domiciliário que é prestado aos utentes que ficaram retidos em casa “não resolve a questão da socialização, do convívio”.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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