Nota da Academia Pontifícia para a Vida diz que idade não pode ser «critério de escolha único e automático»nas políticas públicas e de saúde
Cidade do Vaticano, 30 mar 2020 (Ecclesia) – O Vaticano alertou hoje para o perigo de discriminação das pessoas idosas no atual contexto de pandemia de Covid-19, sustentando que a idade não pode ser um “critério de escolha único e automático” para as políticas públicas e de saúde.
A Academia Pontifícia para a Vida (Santa Sé), alerta numa mensagem intitulada ‘Pandemia e fraternidade universal’ que há sinais de uma “atitude discriminatória em relação aos idosos e aos mais frágeis”.
“As condições de emergência em que muitos países se encontram podem forçar os médicos a tomar decisões dramáticas e dilacerantes sobre o racionamento de recursos limitados”, assinala a mensagem, pedindo que sejam levadas em conta as “necessidades do paciente” e “a avaliação dos benefícios clínicos que o tratamento pode ter, em termos de prognóstico”.
O organismo do Vaticano sublinha que em momento algum se deve “abandonar a pessoa doente”.
“Mesmo quando não há mais tratamentos disponíveis, cuidados paliativos, tratamento da dor e acompanhamento são uma necessidade que nunca deve ser negligenciada”, pode ler-se no documento divulgado pelo portal de notícias do Vaticano.
A Academia Pontifícia para a Vida (APV) elogia a dedicação dos profissionais de saúde, “muito para além da lógica dos vínculos contratuais”, destacando que nestes dias se tem afirmado “a relação de cuidado” como o paradigma fundamental da convivência humana.
A saudação estende-se a “milhares de voluntários que não deixaram de prestar serviço”, entre eles, as religiosas, os religiosos e os sacerdotes que continuam a servir as pessoas que lhes foram confiadas, “mesmo com o preço das próprias vidas, como já aconteceu com muitos padres contagiados e mortos”.
O organismo da Santa Sé apela a uma “uma aliança entre ciência e humanismo” para superar a pandemia.
“Uma emergência como a do Covid-19 é vencida sobretudo com os anticorpos da solidariedade”, indica a APV.
O documento critica as políticas centradas exclusivamente em “interesses nacionais”, sem atender às necessidades dos mais fracos, e recorda que “nalgumas regiões do mundo, a precariedade da existência individual e coletiva é uma experiência diária”.
“A segurança de cada um depende da de todos”, aponta a mensagem.
O texto conclui-se com uma reflexão sobre o valor da oração, na atual crise.
“Mesmo aqueles que não compartilham a profissão de fé podem extrair algo do testemunho de fraternidade universal, que aponta para o melhor que existe na condição humana”, conclui a APV.
OC