Covid-19: Santa Sé alerta contra esquecimento de migrantes, refugiados e pessoas deslocadas

Bispos da Europa lembram que campo de refugiados de Moira abriga quase 6 vezes mais pessoas do que a sua capacidade

Cidade do Vaticano, 20 abr 2020 (Ecclesia) – A secção ‘Migrantes e Refugiados’, do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), considera que “ninguém deve ficar esquecido na luta da humanidade contra” o novo coronavírus.

“Os migrantes, os refugiados, as pessoas deslocadas internamente e as vítimas de tráfico, já particularmente vulneráveis, não devem ser esquecidos na luta da humanidade contra a Covid-19. Devem ser ajudados e protegidos”, alerta o organismo do Vaticano.

Segundo informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pela Obra Católica Portuguesa das Migrações, a secção ‘Migrantes e Refugiados’ da Santa Sé defende que o apoio às pessoas mais vulneráreis seja prestado através da “advocacia”, com declarações públicas, que “recordem como os seus problemas ainda exigem uma extrema atenção”, e ações direcionadas a “garantir que recebam assistência e proteção contra o vírus”.

São necessárias também “ajudas materiais” de “bens essenciais para a sobrevivência” dos migrantes, os refugiados, as pessoas deslocadas internamente e as vítimas de tráfico e medidas preventivas para “evitar a disseminação” da Covid-19 entre etas pessoas para além da população em geral.

A secção ‘Migrantes e Refugiados’ lembra também a importância que seja garantia a “continuidade dos projetos” que acompanham as suas necessidades e “garantem uma vida melhor e em paz”.

“A crise atual deve ser usada como uma oportunidade para reconsiderar as estratégias e as respostas até agora oferecidas para lidar com as questões migratórias”, acrescenta a secção do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

Para reduzir o risco de infeção pelo Covid-19, a Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (Comece) alertou para as cerca de 20 mil pessoas que estão no campo de refugiados de Moira, na ilha grega de Lesbos, um espaço com estruturas projetadas para receber apenas três mil pessoas, pedindo a transferência dos requerentes de asilo, sobretudo de crianças, para países europeus.

“Estamos nas nossas casas, assustados. Penso também aos mais vulneráveis: Como deve sentir-se quem está nos campos, que não têm nada, nem mesmo os remédios”, disse o presidente da COMECE e arcebispo do Luxemburgo, cardeal Jean-Claude Hollerich.

Os bispos da União Europeia assinalam a importância de respeitar as obrigações jurídicas internacionais dos requerentes de asilo e das suas famílias mas encorajam os Estados-membros a mostrar solidariedade, em especial, neste contexto de pandemia.

A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia dá conta de organizações, como a Caritas Europa, que acolheram a transferência de 12 crianças requerentes de asilo não-acompanhadas, da Grécia para o Luxemburgo, solicitando mais iniciativas do género para outras crianças e suas famílias; no final da última semana, por exemplo, 50 menores foram transferidos para a Alemanha.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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