Presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses considera que houve um «divórcio entre a vida real e a vida política» na aprovação da lei da eutanásia
Lisboa, 08 Fev 2021 (Ecclesia) – O presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses considera que há “bons motivos” para se olhar para os profissionais de saúde que têm sido, durante o período da pandemia, “verdadeiramente heroicos no seu esforço de entrega e no cuidado aos doentes”.
Os profissionais de saúde foram “capazes de reconhecer a sua tarefa” e fizeram um investimento emocional renovado na função de tratar os doentes”, disse o médico José Diogo Ferreira Martins numa entrevista ao Programa ECCLESIA emitida, esta segunda-feira, na RTP2.
Quase a completar um ano neste esforço contínuo, muitos profissionais de saúde estão num “cenário de «guerra» e pré-catástrofe” nalgumas instituições, mas, nessas ocasiões, “o melhor de cada um vem ao de cima para dar o melhor no cuidado aos doentes”, sublinhou o responsável da AMCP.
Em relação à aprovação, em forma de lei, pela Assembleia da República da morte medicamente assistida, a AMCP recebeu esta notícia “com enorme tristeza” e “muita consternação”.
“Foi um contraste flagrante entre o esforço humano dos profissionais de saúde para salvar todas as vidas e o trabalho parlamentar que vai permitir que algumas dessas vidas sejam terminadas a pedido dos próprios”, frisou José Diogo Ferreira Martins.
A AMCP não consegue entender como os deputados “não tenham auscultado, ao longo dos últimos tempos, a Ordem dos Médicos, a Ordem dos Enfermeiros, a Ordem dos Juristas e outras associações profissionais” sobre este assunto.
A petição nacional com quase cem mil assinaturas “esbarrou na intransigência dos deputados”, “parece que houve um divórcio entre a vida real e a vida política”, lamenta o médico católico e especialista em cardiologia pediátrica.
O Sistema Nacional de Saúde “está a viver um momento terrível” e “os deputados obstinados” com a legalização da eutanásia.
O projeto-lei aprovado “não contempla sequer uma avaliação psiquiatra”, salienta.
O cuidar do doente até ao fim “é aquilo que nós, enquanto sociedade portuguesa, queremos fazer” e permitir que “as pessoas mais sozinhas e com dificuldades económicas” sintam que merecem viver, realça o presidente da AMCP.
“A eutanásia não é um ato médico” e “esta lei é iniqua e destrói a sociedade”, conclui.
HM/LFS