Professor de Filosofia destaca que cada um será mais livre «quanto melhor perceber os limites que tem de impor àquilo que são as suas liberdades», num tempo excecional
Lisboa, 21 abr 2020 (ECCLESIA) – Américo Pereira, professor de Filosofia na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), considera que a liberdade individual e coletiva “não está posta em causa pela Covid-19”.
A situação que se vive devido à pandemia é “mais um desafio ao exercício da liberdade das pessoas”, disse à Agência ECCLESIA.
Para o docente universitário, o isolamento exigido atualmente é um “distanciamento físico e não social”, porque o vírus “não conhece convenções”.
Apesar destas contingências, a “maior parte” das pessoas continua a ser “fundamentalmente livre” e tanto mais livre “quanto melhor perceber os limites que tem de impor àquilo que são as suas liberdades”.
Américo Pereira entende que, nos últimos tempos, a sociedade portuguesa tem “sido responsavelmente livre”, mas sublinha que a “responsabilidade dá muito trabalho”.
O entrevistado disse que as pessoas “só começaram a pensar na responsabilidade” que tinham de exercer “quotidiana e minuciosamente”, quando começaram “a ter medo”.
Do ponto de vista antropológico “o medo é sempre mau”, mas do ponto de vista pragmático “pode ser bom”, porque pode despertar as pessoas para realidades novas, acrescentou o professor de Filosofia, lamentando que não tenham sido tomadas medidas políticas mais cedo.
Sobre o atual estado de emergência, o docente universitário sublinha que o “país não parou”, rejeitando “afirmações alarmistas” e “epistemologicamente erradas”, antes de admitir a necessidade de “tomar medidas excecionais” para um “tempo excecional”.
PR/LFS
