Covid-19: Pandemia desafiou profissionais de saúde e gerou «unidade» nas equipas – Margarida Teixeira (c/vídeo)

Médica do IPO de Coimbra sublinha que «ninguém pensou em desistir

Coimbra, 09 Mar 2021 (Ecclesia) – A médica Margarida Teixeira considera que os últimos doze meses foram “diferentes” de todos aqueles que viveu na sua atividade profissional, por causa da pandemia, mas realça “a unidade” existente naquele setor.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, emitida hoje na RTP2, a profissional do Instituto Português de Oncologia de Coimbra admite que, perante o desconhecimento relativo à Covid-19, houve receios iniciais, mas os médicos “arregaçaram as mangas e estiveram na linha da frente a cuidar os doentes”.

Margarida Teixeira sublinha que “ninguém pensou em desistir” e os médicos “continuaram a dar o seu melhor”, com todo o setor a mobilizar-se para “salvar o maior número de portugueses”.

No início da pandemia, em março de 2020, os meios eram escassos e as consequências da doença eram uma incógnita, pelo que “o Sistema Nacional de Saúde ficou, essencialmente, vocacionado para os doentes Covid”.

A médica trabalha numa área de doentes não-Covid e reconhece que “nunca, como este ano”, viu a doença oncológica “avançadíssima”.

“Hoje, os doentes chegam de cancro à flor da pele, grandes massas cervicais, grandes lesões na cavidade oral e grandes lesões na face”, alertou.

Com a pandemia, as pessoas ficaram “com medo” e “não iam aos médicos”, mas quando apareciam no Instituto Português de Oncologia (IPO) já tinham uma “doença oncológica muito avançada”.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Devido à situação, alguns doentes “morreram em casa por falta de cuidados sem o alívio da dor”, lamenta Margarida Teixeira, lamentando a “precariedade dos cuidados ao domicílio” em pessoas com doença avançada.

A entrevistada salienta, no entanto, que neste momento “há menos infeções hospitalares”, devido à melhoria nas questões higiénicas.

“O uso da máscara também protegeu as pessoas da gripe”, acrescenta.

A profissional lamenta que, quando se estava no pico da pandemia, se tenha aprovado a lei da eutanásia e destaca que os profissionais de saúde tentam “travar a morte”.

“Há uma distância enorme entre quem legisla e quem está no terreno”, denuncia.

Para a médica, perante a legislação proposta pelo Parlamento até se poderia pensar que Portugal tem uma “rede robusta nos cuidados paliativos” e “isso não é verdade”.

HM/LFS/OC

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Agência ECCLESIA

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