Covid-19, não se deixe “agarrar”

António Oliveira, Diocese de Bragança-Miranda

Vivenciamos tempos pandémicos. Quando na última passagem de ano, depois das 12 badaladas, desejámos ter um ano com muita saúde, não pudemos antecipar a bola de neve que estava a aparecer no Oriente e que iria condicionar o ano de 2020, em todo o mundo. O SARS-CoV-2 apareceu de uma névoa longínqua, silenciosa e mortífera, que condiciona a vida de todos. Primeiro, a dúvida, depois, o medo, e agora, a aceitação da necessidade de termos de conviver com um vírus mortal, que afeta maioritariamente a população mais idosa.

O tempo de resposta foi tardio e inadequado. O SARS-CoV-2 agradeceu e cresceu. A demora em perceber como podíamos diminuir os estragos provocados por um vírus com um diâmetro entre 60 e 140 nanómetros, segundo os especialistas, e que afeta de forma severa os sistemas do corpo humano, principalmente o respiratório, potenciou o alastrar da doença entre amigos, familiares e desconhecidos. O vírus viajou sem gastar um euro e em menos de seis meses contaminou as 7 maravilhas do mundo, por terra, mar e ar, à velocidade de 219 km por dia e 9 por hora.

Se, no início, para evitar a propagação, sentimos necessidade de nos confinar e esconder, de seguida e de forma explosiva, sentimos necessidade de sair, de estar, de conviver. A necessidade da presença junto dos que amamos e o contacto com aqueles com quem convivemos ganhou uma importância que antes não tinha.

No desenvolvimento da pandemia percebeu-se que a doença ataca principalmente indivíduos de idade mais avançada e com problemas de saúde associados. Homens e mulheres mais fragilizados. Este vírus “gosta” de sistemas imunitários mais frágeis e menos capazes. A prática regular e controlada de exercício físico ajuda a responder positivamente no combate à pandemia.

A prática regular de exercício físico, controlada e adequada à idade, à capacidade e caraterísticas morfológicas de cada praticante, é um fator potenciador da saúde. O exercício físico é uma componente da atividade física mais estruturada (de determinado tipo, com uma determinada intensidade e duração), que tem como objetivo contribuir com um estímulo fisiológico maior na promoção de adaptações. Uma das adaptações associadas à prática regular de exercício físico é o aumento da capacidade de resposta do sistema imunitário. Numa altura de pandemia, devemos privilegiar a prática de exercício físico em espaços abertos e pouco frequentados.

Caminhar, forma mais básica de movimento que temos, constitui um ótimo exercício. O aumento progressivo da intensidade da caminhada e da sua duração representa um importante estímulo para a adaptação e melhoria de vários indicadores da saúde. A capacidade de conseguir fazer exercício e a de alcançar objetivos autopropostos cria autoestima e aumenta a confiança do praticante. Ambas elas são importantes no combate a qualquer doença e na promoção do bem-estar.

No sentido de conseguirmos ultrapassar positivamente esta pandemia, podemos privilegiar a prática de exercício físico em ambientes naturais, no campo ou na montanha, de forma individual ou em grupos reduzidos, utilizando o movimento mais básico e barato, a caminhada.

Assim, fazer caminhada com intensidade alta, para potenciar adaptações fisiológicas, em trilhos marcados ou planeados, onde o risco de lesão é baixo, será um dos melhores processos de promoção da saúde física e mental, com baixo risco de contágio.

Pela sua saúde, faça caminhadas com um ritmo alto e não deixe que o SARS-CoV-2 a agarre.

António Oliveira
Professor de Educação Física no Agrupamento de Escolas Emídio Garcia, Bragança. É membro da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Bragança-Miranda.

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Agência ECCLESIA

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