Covid-19: Movimento dos Trabalhadores Cristãos desafia Europa «a ser ousada» na resposta à crise

Organização diz que mundo sindical e associativo deve ser capaz de «participar na renovação do dinamismo da sociedade civil»

Lisboa, 09 mai 2021 (Ecclesia) – O Movimento dos Trabalhadores Cristãos na Europa (MTCE) divulgou uma mensagem por ocasião do Dia da Europa, que se assinala hoje, apelando a uma resposta “ousada” para a crise provocada pela pandemia de Covid-19.

“Hoje, a Europa é chamada a construir novamente: serviços públicos fortes, uma política de proteção social inovadora e uma verdadeira solidariedade entre povos e Estados”, escreve o MTCE, no documento enviado à Agência ECCLESIA.

O texto é subscrito pela Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), em Portugal.

“Numa altura em que se realiza em Portugal a Cimeira Europeia que se afirma querer reforçar o compromisso dos Estados-Membros, das instituições europeias, dos parceiros sociais e da sociedade civil com a implementação do Plano de Acão do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, bom seria que se começasse a dar mais atenção às organizações que vivem os verdadeiros problemas e sobre eles apontam caminhos sociais e de atenção aos mais carenciados”, refere Américo Monteiro, coordenador nacional da LOC/MTC.

O MTCE diz que esta crise é um momento histórico, “uma oportunidade para grandes mudanças” que poderiam ser baseadas na “tributação das maiores fortunas que enriqueceram apesar da situação”.

O comunicado alerta para a situação das pessoas mais expostas “aos riscos de contágio” na crise sanitária e social e incentiva a Europa a construir “serviços públicos fortes”, à solidariedade.

A Europa não deve fechar-se sobre si mesma, mas empenhar-se na necessária solidariedade internacional para assegurar que todos no mundo tenham acesso às vacinas. Isto requer uma política para o bem comum que vá para além dos interesses privados das grandes empresas farmacêuticas”.

O Movimento dos Trabalhadores Cristãos na Europa considera que o mundo sindical e associativo deve ser capaz de participar na “renovação do dinamismo da sociedade civil”.

“Somos todos chamados a ser atores nesta Europa dos cidadãos que ainda está por construir”, pode ler-se.

No contexto do ‘Dia da Europa 2021’, os trabalhadores cristãos sublinham que foi neste continente que se estabeleceram “primeiro os sistemas de proteção social mais avançados”, mas “ainda há muito a fazer”.

O MTCE assinala que nem todos os grupos sociais estão a “sofrer” as consequências da atual crise sanitária e social, provocada pela pandemia Covid-19, da mesma forma e alerta que classes trabalhadoras e os mais pobres são “os mais expostos aos riscos de contágio”.

“A taxa de mortalidade nestas categorias sociais é muito mais elevada do que nas categorias mais abastadas”, indica.

Segundo o Movimento dos Trabalhadores Cristãos na Europa, as condições de trabalho têm-se tornado “cada vez mais difíceis” e as medidas preventivas necessárias levaram a “um aumento significativo da carga de trabalho” para alguns trabalhadores que não podem trabalhar à distância e, para outros, o teletrabalho “pode levar a uma grande pressão, isolamento e maior exploração”.

O MTCE indica que os mais precários, os desempregados e os trabalhadores temporários, “particularmente afetados por esta crise”, foram “os primeiros a ficar sem contrato”, numa Europa onde alguns direitos sociais estão a ser postos em causa em vários países.

Ao entrarmos no tempo de Pentecostes, devemos ter presente esta mensagem de audácia expressa no Evangelho, somos desafiados por esta imagem dos discípulos, confinados no medo, trancados na sua casa e fechados em si mesmos até que o Espírito os impele a abrir-se ao mundo, a assumir o risco da viagem e do encontro”, conclui o comunicado.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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