Padre Flávio Martins conta que «nunca teria uma Missa de semana com 70 pessoas» como acontece através das redes sociais»
Albufeira, 31 mar 2020 (Ecclesia) – O padre Flávio Martins, pároco de Albufeira na Diocese do Algarve, afirma que a transmissão da Missa e das orações pela internet “ainda é uma novidade”, que tem tido uma adesão significativa.
“Apesar de ver-me sozinho, sei que do outro lado está gente e olhar para as fotografias faz-me lembrar que estão daquele lado”, disse hoje em declarações à Agência ECCLESIA.
O pároco de Albufeira explicou que na casa paroquial adaptou “uma das salas para ser a Capela, para não andar na rua” e os fiéis “fizeram uma surpresa” e colaram na parede “a fotografia de inúmeros paroquianos”, imitando o gesto de um padre italiano fez furor nas redes sociais.
“Faltam lá muitos, é verdade, mas olhando para eles lembro-me dos outros também. Estou desejoso de celebrar a Eucaristia com eles”, acrescentou.
O padre Flávio Martins conta que transmitir a celebração das Missas e orações ao longo do dia pela internet “ainda é uma novidade” porque não gosta de aparecer, mas foi a opção a tomar, por causa das medidas de segurança por causa do coronavírus.
“Tenho notado que gente que não rezava ou não iria à Missa habitualmente hoje participa na Eucaristia, nas completas, no Terço, noutras orações. Fez chegar a muito mais gente que nunca chegaríamos, nunca teria uma Missa de semana com 70 pessoas, como através da rede social”, desenvolveu.
Segundo o sacerdote há pessoas que “já estão a pedir” para continuar a iniciativa, quando a pandemia passar, por isso, “há coisas que não podem acabar”.
“Este é o nosso serviço pastoral agora também, as pessoas fizeram-nos descobrir que esta é verdadeiramente a nossa missão, rezar com elas”, observou.
O padre Flávio Martins recorda que a “adaptação foi difícil” e “notou-se bem que não estava muito à vontade a falar para um telemóvel”, uma vez que precisa sentir a comunidade e “é muito importante a ver as expressões, a posição.
Neste contexto, o pároco de Albufeira frisa que continua “a sentir falta da comunidade” e tem “saudades das pessoas” e, às vezes, em casa fica a pensar “onde é que estão sentados, onde costumam ficar, o que costumam fazer, mas o feedback, o eco, é muito positivo”.
“Adaptei-me, hoje vejo que foi muito positivo, foi uma violência que fiz comigo, mas valeu a pena, já estou um bocadinho mais a vontade”, acrescentou, contando que a adesão “foi muito espontânea”, uma resposta à publicação de outro sacerdote “a sugerir uma oração” e disponibilizou-se para “rezar as completas, às 23h00”.
O padre Flávio Martins explica que com o sacerdote vizinho, o padre Pedro Manuel, e o padre Hugo Gonçalves de Ourique, na Diocese de Beja, formam “um programa religioso” e têm “o dia todo dividido das 08h00 da manhã até às 23h00”.
CB/OC
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