Covid-19: Isolamento ajuda a «compreender» o que é ser migrante ou refugiado – Capelão das Comunidades Portuguesas em França (c/vídeo)

Padre Carlos Caetano considera que «sentimentos de compaixão e solidariedade, perante a pandemia, vão deixar frutos positivos»

Lisboa, 16 abr 2020 (Ecclesia) – O responsável pelas comunidades católicas portuguesas em França, padre Carlos Caetano, disse à Agência ECCLESIA que a “experiência do isolamento social” faz compreender melhor o que é “ser-se migrante ou refugiado”.

“É uma situação dramática mas há frutos positivos porque, pela primeira vez, estamos a fazer a experiência de não termos a possibilidade de nos mover como queremos, por isso poderemos compreender melhor o que é ser-se migrante ou refugiado, estar tanto tempo impedido de viajar ou estar há tanto tempo fechado num campo de refugiados”, afirmou o padre Carlos Caetano.

O responsável pela capelania de Língua Portuguesa adiantou ainda que a população que agora está em isolamento e acompanhou as celebrações pascais pelas transmissões televisivas, por exemplo, “sentiu na pele a experiência dos doentes” que não têm muitas vezes outras forma de alimentar a fé.  

“Agora pela primeira vez estamos a seguir a missa através de ecrãs e sentimos na pele a experiência de tantos doentes e há uma grande compaixão que se está a desenvolver neste tempo de isolamento”, aponta.

O sacerdote scalabriniano assume que esta foi uma “Páscoa diferente, com celebrações vividas de forma diferente” mas que temos de olhar a realidade envolvente e perceber que há outros sacrifícios.

Este ano houve muitos migrantes que se viram frustrados nos planos de viagem, de férias e de regresso às suas casas, quando muitos pensavam ir a Portugal, mas esse é um sacrifício muito modesto porque quando pensamos no sacrifício de pessoas que têm de ir trabalhar com medo de ficar doentes, ou que estão nos hospitais esse é o grande sacrifício”.

O padre Carlos Caetano adiantou ainda que em França, “a cada noite pelas 20 horas, as pessoas vão às suas janelas para aplaudir os profissionais de saúde”.

Quanto à dinâmica pastoral o sacerdote refere que os migrantes estavam em vantagem em relação aos franceses e que já muito estava a ser feito para promover a “comunicação e comunhão”. 

“Enquanto que nas paróquias francesas o território é muito importante, aquela é a minha paróquia, para a pastoral dos migrantes isso torna-se secundário, procuramos a comunidade onde se celebra a nossa Língua, o rito e haja respeito pelas nossas tradições, eu conheço famílias que fazem até uma hora de estrada para irem àquela Igreja onde se celebra em Português”, conta.

Além disso a comunidade portuguesa já “tinha desenvolvido uma página de Facebook, grupos de whatsApp e programas na rádio” e isso que era útil antes do isolamento “ainda se tornou mais necessário”.

O religioso referiu ainda que as partilhas da liturgia e comentários à Eucaristia têm sido uma mais valia neste tempo de isolamento devido à pandemia do Covid-19.

“Um exemplo de diálogo que já fazia antes e que não foi preciso inventar por causa do isolamento, todas as semanas num blog que mantenho desde 2008 partilho as leituras e comentário da missa, assim já havia um esforço para dar visibilidade à liturgia em português mas que já existia, depois SMS, WhatsApp, Facebook e as novas tecnologias que nos permitem estar em comunicação e em comunhão”, assume.

SN

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