Covid-19: Funcionários de centros paroquiais no Algarve «entre o vírus que está à porta e os utentes dentro do lar»

Nas próximas semanas vão ser testadas mais de seis mil pessoas, em lares da região

Faro, 01 abr 2020 (Ecclesia) – Os centros culturais e sociais das paróquias algarvias de Santa Bárbara de Nexe e de Estoi adotaram medidas para prevenir a saúde dos colaboradores e dos utentes do lar, garantindo também a continuidade do serviço de apoio domiciliário.

“Noto o pessoal muito unido, todos com o lema ‘temos de protege-los’, é como se estivéssemos ali entre a porta e o lar, entre o vírus que está à porta e os utentes dentro do lar, e tentar dar toda a proteção possível aos colaboradores, dentro do que se consegue encontrar, para que sintam essa segurança e continuem a trabalhar”, disse a diretora técnica do Centro Cultural e Social da Paróquia de Santa Bárbara de Nexe.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Tânia Lourenço explicou que há material de proteção, como “as viseiras e os fatos” que nunca utilizaram e agora os fornecedores do básico – máscaras, toucas, luvas – “também não têm”.

“Ainda esta segunda-feira fomos a uma drogaria aqui em Faro buscar fatos de chuva porque são totalmente impermeáveis, são fechados e dá para limpar, desinfetar várias vezes ao dia como forma de proteção”, exemplificou.

A diretora técnica do Centro Cultural e Social da Paróquia de Santa Bárbara de Nexe assinala que têm tentado continuar “a mesma rotina” dos 46 utentes do lar (ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas), a mesma hora de levantar, das refeições e de ir para a sala das atividades, neste momento, “estão a preparar a Páscoa e os cravos para o 25 de Abril”.

“Temos tentado continuar o dia-a-dia habitual, dentro de limitações de recursos humanos, mas tentar que os idosos percebam o mínimo possível da situação, há os que têm noção, veem o telejornal e querem falar do assunto”, acrescentou.

A responsável explica que criaram um grupo no WhatsApp para “manter a proximidade com as famílias que respondem a tudo, telefonam, e preocupam-se”, e recebem também “mensagens de força”.

“É um lar muito familiar e há utentes que estavam habituados a receber visitas todos os dias dos familiares”, acrescenta.

Destacando que a equipa “nunca esteve tão unida”, a diretora técnica explica que têm duas equipas no lar e no apoio domiciliário, em turnos rotativos de sete dias.

“Implica muitas horas por dia, todos os dias durante a semana, e é muito cansaço a todos os níveis”, acrescentou.

O Centro Cultural e Social da Paróquia de Santa Bárbara de Nexe tem também serviço de Banco Alimentar que vai reabrir a distribuição para continuarem a ajudar “15 agregados”, e à maior parte levam os bens às suas casas.

Tânia Lourenço assinala o “muito apoio da direção” e refere ainda que os idosos são acompanhados por duas enfermeiras, que também trabalham rotativamente, e um médico “uma vez por semana”.

Também na região de Faro, a diretora técnica do Centro Cultural e Social da Paróquia de São Martinho de Estoi adianta que não há casos positivos do novo coronavírus entre os 32 utentes do lar nem nos funcionários, e destaca a importância da existirem 6000 testes para o despiste da Covid-19 nos lares algarvios.

“É importante fazer despistes, podem existir situações tanto de utentes como funcionários que as pessoas não demonstrem sintomas e permite que não seja transmitido”, acrescenta Sara Guerreiro, referindo que os idosos “compreendem e têm aceitado muito bem”, terem menos visitas e mais restrições, “as pessoas que estão lucidas acabam por ver as notícias”.

A diretora técnica explica que os colaboradores e os utentes seguem os “cuidados de higiene” como “lavar as mãos com mais frequência”, a utilização dos desinfetantes e limpeza mais frequente dos espaços, e “a verificação da temperatura”.

A equipa do Centro Cultural e Social da Paróquia de São Martinho de Estoi também trabalha em sistema rotativo semanal, no lar de idosos e serviço de apoio domiciliário onde têm 16 pessoas.

“Fazem mais horas mas também compreendem e sabem que estas medidas são importantes”, conta Sara Guerreiro, que destaca ainda que os familiares dos utentes têm contactado a informar que “estão disponíveis para ajudar, dentro das suas possibilidades”.

CB/OC

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