Presidente cessante da organização católica revela preocupação com o impacto da pandemia
Viseu, 02 fev 2021 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana de Viseu está preocupada com o “aumento exponencial” de atendimentos às famílias fragilizadas, devido à situação que se vive devido à pandemia.
Carlos Monteiro Marques, que encerrou esta semana um ciclo de cinco anos na presidência da organização católica, disse hoje à Agência ECCLESIA que os atendimentos “cresceram mesmo muito” face a janeiro de 2019 ou de 2020, com mais de 80 pessoas atendidas desde o início do ano.
“Há muitas pessoas que estão a voltar à Cáritas depois de terem recebido a primeira ajuda, o primeiro apoio”, referiu o responsável.
Com o aumento do desemprego, “as situações ficaram complicadas para muitas famílias e basta que um dos cônjuges cai numa situação de desemprego para desequilibrar o orçamento familiar”, contou.
O presidente cessante da Cáritas Diocesana de Viseu sublinha que “muitas das pessoas que pedem géneros alimentares os vão utilizar no próprio dia”.
Carlos Monteiro Marques refere que estas são “situações graves” porque “se não fossem ajudadas, as pessoas não teriam alimentos para esse dia”.
Ao fazer o retrato das pessoas que pedem ajuda, o entrevistado salienta a presença de jovens, sobretudo dos países lusófonos, casais mais novos e pessoas idosas.
A situação de crise faz que qualquer despesa suplementar, “como a ida ao médico e novos medicamentos”, afete os orçamentos.
Para além das ajudas em bens de primeira necessidade, a Cáritas de Viseu também sensibiliza as populações sobre os efeitos da pandemia.
“Temos uma equipa que trabalha com a Segurança Social ao nível do Rendimento Social de Inserção (RSI) que sensibiliza para as questões pandémicas”, disse Carlos Monteiro Marques.
No Centro Comunitário da Paradinha que está instalado num “bairro problemático da cidade”, onde vive “sobretudo a comunidade cigana”, a instituição tem “encontros regulares com a população “para sensibilizar para estas dificuldades e aos procedimentos a tomar para evitar o contágio”.
Ao nível das escolas, os pais “que estão infetados e não podem recolher as refeições fornecidas”, a Cáritas “está a fazer esse trabalho”.
Carlos Monteiro Marques fala em “anos difíceis” na presidência da Cáritas de Viseu, primeiro por causa dos incêndios que afetaram, essencialmente, três concelhos – Tondela, Vouzela e Santa Comba Dão – e no último ano devido à pandemia.
A organização encontra na Cáritas Portuguesa “o principal apoio”, mas, em 2020, devido à pandemia ficou privada “das duas principais fontes de rendimento: o peditório na semana Cáritas e o peditório nas Eucaristias”.
Para além do apoio da Cáritas Portuguesa, o responsável disse que “algumas pessoas entregam bens alimentares e fazem pequenos donativos”
Em tempos “complicados”, podem começar a faltar alimentos “para poder repartir com as pessoas mais fragilizadas”.
Felisberto Figueiredo é, desde esta segunda-feira, o novo presidente da Cáritas Diocesana de Viseu e substitui Carlos Monteiro Marques que liderou a instituição durante cinco anos.
O responsável disse à Agência ECCLESIA que o grande objetivo para os próximos anos “é dar continuidade ao trabalho do antecessor” e que a instituição “chegue a todas as paróquias da diocese”.
LFS/OC