Organismo da Conferência Episcopal Portuguesa salienta que responsabilidade pelos mais velhos «não pode ser tarefa exclusiva do Estado»
Lisboa, 14 out 2020 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), da Igreja Católica em Portugal, lançou um alerta sobre a situação dos mais velhos, lembrando que a pandemia “afeta de modo particular” os idosos, cujo cuidado é “dever e responsabilidade de todos”,
“Queremos salientar, sobretudo, que cuidar dos idosos não pode ser tarefa exclusiva do Estado. Todos, famílias e outras instituições, bem como cidadãos em geral, devem partilhar, com dedicação, a responsabilidade de garantir aos idosos a manutenção da sua dignidade de pessoa até à sua morte”, lê-se na nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.
A CNJP assinala que ao Estado “não compete tudo”, mas é a ele que “tem de se exigir a criação de uma política de apoio aos idosos” onde estejam definidos objetivos e meios para “aplicar com recurso a meios financeiros próprios e de terceiros”.
“Sempre que possível, deve ser facilitada a permanência do idoso em sua casa e com a sua família, sem ignorar que essa permanência exige muitas vezes várias formas de apoio externo que têm faltado. Quando esgotada essa possibilidade, o recurso aos lares deve ser encarado”, salienta o documento.
O organismo católico defende que o funcionamento dos lares “deve ser profundamente alterado”, com reforço de meios humanos e materiais, “e acréscimo de comparticipações do Estado”.
A CNJP considera que para uma maior eficácia do serviço prestado nos lares “é necessária uma tipologia diferente” da atual com a “criação de lares especializados” e refere que apoiar o idoso “não é uma prática assistencialista facultativa”, mas “dar resposta a um direito inalienável que ele adquiriu ao longo da sua vida”.
O organismo da Conferência Episcopal Portuguesa cita o Papa Francisco na sua mais recente encíclica ‘Fratelli Tutti’, sobre a fraternidade e a amizade social: “Isolar os idosos e abandoná-los à responsabilidade de outros, sem um acompanhamento familiar e adequado e amoroso mutila e empobrece a própria família. Além disso, acaba por privar os jovens daquele contacto que lhes é necessário com as suas raízes e com uma sabedoria que a juventude, sozinha, não pode alcançar”.
Para além da nota ‘Cuidar dos idosos: dever e responsabilidade de todos’, a Comissão Nacional Justiça e Paz partilhou também uma reflexão, na qual sublinha que muitos idosos “morrem após um período de vida em que foram perdendo qualidades intelectuais, atingidos por doenças que condicionam o viver e, nalguns casos, que os deixam totalmente incapacitados não podendo sobreviver sem apoio”.
O organismo de leigos católicos reflete sobre a “permanência do idoso na sua residência”, “na família alargada”, em Centros de Dia e em Lares de Idosos, alertando para a “situação dos lares ilegais”, e “em unidades de cuidados paliativos”.
“A situação dos idosos deve se objeto de atenção de todos. Os idosos não são “seres descartáveis”; pelo contrário são gente que deve ser respeitada e amada por todos; Apoiar o idoso não é uma prática assistencialista facultativa, é, antes, dar resposta a um direito -inalienável que ele adquiriu ao longo da sua vida”, conclui a Comissão Nacional Justiça e Paz.
CB/OC