Organização pede aos governos doadores e às agências internacionais que reconheçam «papel» das organizações da sociedade civil, incluindo grupos religiosos
Lisboa, 27 mar 2020 (Ecclesia) – A Cáritas Internacional afirma que a “cooperação global é essencial” para responder ao apelo da Organização das Nações Unidas (ONU) que lança hoje o Plano de Resposta Humanitária Covid-19, contando com a “contribuição da sociedade civil e dos líderes religiosos”.
“Neste momento de medo e incertezas, é essencial que os líderes mundiais se juntem numa cooperação global para uma resposta num espírito de solidariedade, em relação ao coronavírus”, disse o secretário-geral da Cáritas Internacional.
Na informação enviada à Agência ECCLESIA, pela Cáritas Portuguesa, Aloysius John afirmou que os governos “precisam de mostrar liderança”, demonstrando como uma abordagem “mais humana é também mais eficaz no combate a esta epidemia”, assente na ciência e assegurando que o auxílio chega a toda a gente, “sem discriminação”.
“Este tipo de crises de saúde pública pode levar ao aumento da narrativa negativa e à tendência para estigmatizar os sobreviventes da Covid-19, bem como à discriminação de grupos vulneráveis da sociedade, como migrantes e refugiados”, alertou.
A ONU lança hoje o seu Plano de Resposta Humanitária Global contra o novo coronavírus Covid- 19 com o objetivo de mobilizar fundos internacionais para “apoiar diretamente a saúde pública e indiretamente as consequências humanitárias imediatas da pandemia”.
A Confederação da Cáritas realça que os seus membros “estão na linha da frente da resposta global em relação à crise sanitária” e saúda a referência da ONU ao “trabalho constante no envolvimento comunitário no terreno”.
A organização da Igreja Católica manifesta receio que os desafios atuais no sistema da ONU resultem em “atrasos e obstáculos na chegada dos fundos” do Plano de Resposta Humanitária Global “à linha da frente de combate”.
“Os governos doadores e as agências da ONU precisam de reconhecer o papel desempenhado por organizações da sociedade civil, incluindo grupos religiosos, e levá-los em conta na resposta ao Covid-19. É absolutamente correto que o seu foco seja numa abordagem do reforço dos sistemas de saúde, em parceria com os governos nacionais. Mas em muitos países em todo o mundo, a sociedade civil desempenha um papel crítico na parceria com o governo”, desenvolveu a diretora de Operações da Cáritas Internacional.
Neste contexto, Suzanna Tkalec apresentou como exemplo a República Democrática do Congo (RDC) onde as instalações médicas católicas “providenciam cerca de quarenta % do sistema de saúde no país” e os líderes religiosos são bastante respeitados, “particularmente em áreas afetadas por conflitos”, e na recente crise do ébola “não foi adequadamente levado em conta na estratégia de resposta”.
A Cáritas Internacional apela aos governos doadores e agências da ONU para se envolverem numa “abordagem de toda a sociedade” em relação à Covid-19, que tem de ser uma “situação altamente dinâmica”, particularmente em contextos onde o governo ou os oficiais das Nações Unidas “não tenham acesso a todas as comunidades afetadas, mas onde a sociedade civil local está presente”.
A Agência France Presse (AFP), a partir de dados oficiais divulgados hoje, informa que o novo coronavírus matou “24.663 pessoas em todo o mundo, desde que surgiu em dezembro”, e foram registados 539.360 casos de infeção em mais 183 de países e territórios; Em Portugal há 4268 casos confirmados e já morreram 76 pessoas e mais de 40 recuperaram.
Em Portugal, a Cáritas informa sobre as respostas da rede nacional da organização da Igreja católica, através das dioceses e das paróquias.
CB/PR