Covid-19: Bispo de Bragança-Miranda incentiva Governo à valorização do «setor social e solidário»

D. José Cordeiro alerta para «dificuldades financeiras» e necessidade de «contratação de colaboradores»

Bragança, 23 abr 2020 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda considera que, no pós-pandemia, a “linha da frente vai transferir-se” para as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e defende que o Governo tem de mudar a sua atitude perante as mesmas.

“O Governo deverá repensar e mudar a atitude, valorizando o setor social e solidário, garantindo condições de sustentabilidade às IPSS, que são as primeiras a garantir a salvaguarda de uma sociedade mais justa e fraterna”, assinala D. José Cordeiro, numa mensagem à diocese.

No documento enviado à Agência ECCLESIA, pelo Secretariado diocesano das Comunicações Sociais, o bispo de Bragança-Miranda afirma que são “cada vez mais evidentes as dificuldades” das Instituições Particulares de Solidariedade Social, sejam “financeiras”, de “contratação de colaboradores com perfil ajustado às necessidades” e outras.

Segundo D. José Cordeiro, os desafios e as exigências tornam-se “cada vez maiores a precisar de maior apoio, investimento e aumento das comparticipações” do Estado ao setor social.

“No pós-pandemia, a linha da frente vai transferir-se dos hospitais para a IPSS, que não podem ser vistas como unidades de saúde e onde já se trava uma dura batalha no cuidado com os nossos queridos mais velhos”, salientou.

O bispo da Diocese de Bragança-Miranda refere que nestes “tempos da pandemia” de Covid-19 “os mais velhos são os mais vulneráveis”, tanto em suas casas como nos lares de idosos, e “muitos confidenciaram” que o maior medo era “ficarem infetados e de se sentirem sós e abandonados”.

“Em tempo de vésperas de sairmos do túnel, que atravessamos juntos e nos confinou por causa da pandemia do Covid 19, acelera a mudança epocal? Será que a esta pandemia viral se seguirá uma pandemia de solidariedade e fraternidade na construção do Bem Comum e na promoção e defesa da dignidade da Pessoa Humana? E reforçam-se os valores fundamentais da família, da educação, da sobriedade, da comunidade e da ecologia?”

Foto Diocese de Bragança-Miranda

Na mensagem intitulada ‘Em tempo de Vésperas’, D. José Cordeiro explica que na Liturgia da Igreja as vésperas “estão ligadas com a tarde que concluiu o dia e inicia a noite” e recorda-se “a obra da redenção na liberdade e na partilha”, um título também inspirado no livro ‘Tempo de Vésperas’ (1971) do professor Adriano Moreira.

O bispo de Bragança-Miranda assinala que se está em tempo de vésperas para “o encontro real e progressivo da celebração comunitária da fé da Igreja” e pede que se “abram as igrejas, onde possível, que estiveram fechadas ou desprovidas de acolhimento e que impediram o encontro com ‘Jesus escondido’”, enquanto se esperam “as próximas orientações” da Conferência Episcopal Portuguesa para o regresso “possível e gradual”, após o final do estado de emergência.

D. José Cordeiro destaca que “é necessário para o Bem Comum” a terceira etapa do estado de emergência nacional que “custa mais” mas espera seja a “última”.

“Nestes tempos duríssimos de crise, os transmontanos souberam e sabem dar o seu melhor! Podemos aproveitar esta adversidade para crescer pessoal, familiar e comunitariamente”, conclui.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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