Coruche: Projeto da Cáritas Paroquial ajuda crianças a gerir emoções e a evitar comportamentos de risco

Atelier visa o crescimento emocional saudável das novas gerações

Coruche, 03 fev 2024 (Ecclesia) – A Cáritas Paroquial de Coruche, na Arquidiocese de Évora, proporciona às crianças uma forma de atenuar e evitar comportamentos que conduzam a situações de descontrolo emocional, através do projeto ‘Riscar o Risco’.

“Quando foi pensado este projeto, foi mesmo com o intuito de ‘Riscar o Risco’, riscar tudo o que seja comportamentos de risco. Este foi um projeto que inicialmente foi delineado para adolescentes, porque o ATL da Caritas de Coruche abarcava a partir do quinto ano, a maioria eram adolescentes, e nós focámos muito nesses comportamentos mais problemáticos da adolescência”, começa por referir Maria Arcadinho, psicóloga clínica, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A entrevistada coordena o momento em que as crianças trabalham emoções e aprendem a saber integrar as sensações que experimentam em atitudes respeitadoras do outro.

“A gente aprende a respirar, para manter a calma”, diz Eva Silva, uma das crianças do ATL da Cáritas Paroquial de Coruche.

O projeto iniciou-se com os mais velhos, mas a abertura do ATL ao primeiro ciclo levou a reinventar a abordagem.

“Nós pensámos aqui mais num olhar de preventivo e, portanto, olhar para comportamentos mais agressivos e, portanto, porquê não estruturar este projeto para comportamentos de risco na infância? E fez todo o sentido e está a correr muito”, destaca Maria Arcadinho.

O atelier ‘Riscar o Risco’ incide em determinadas áreas consideradas críticas, no que toca ao relacionamento com os outros e mesmo com o autocontrolo.

A psicóloga clínica fala na importância de “identificar emoções, aprender a relaxar e adotar comportamentos mais funcionais, mais adaptados às outras crianças”.

“Por exemplo, quando eu estou chateada com alguém e dá vontade de fazer algo que eu não posso, eu tento-me controlar”, partilha Samuela Salatieu, outra das crianças.

Maria Arcadinho, psicóloga clínica
Foto: Agência ECCLESIA/HM

A psicóloga clínica ressalta que o atelier tem presente “uma multiculturalidade de crianças” e, atendendo a essas diferenças, foi necessário ajustar a ação.

“Nós tivemos também que nos adaptar e, portanto, conhecer que comportamentos e histórias de vida elas trazem por trás, que formas é que elas têm de interagir umas com as outras, identificar quais são os comportamentos que nós não toleramos socialmente, que são prejudiciais para elas e para os outros e intervir aí”, explicou.

Nem só as crianças com comportamentos agressivos estão integradas no projeto, afirma Maria Arcadinho, que acrescenta que nos resultados das primeiras avaliações, foi possível perceber que havia “crianças que são muito passivas, muito permissivas”.

“Nós também entendemos que isso não é algo positivo. Porque no mundo social também não queremos crianças que se sujeitam a tudo, que permitem tudo. Então, nos grupos que foram selecionados, foram pensados para ter crianças com comportamentos agressivos e crianças mais permissivas. Ou seja, o nosso pensamento foi que uma possa dar à outra, que elas possam moldar e que possam recolher o melhor que cada uma tem”, indicou.

A Cáritas Paroquial de Coruche tem ainda um gabinete de apoio a desempregados e um projeto de apoio a pessoas carenciadas que batem à porta.

“Conhecemos pessoas que até tinham uma vida mais ou menos razoável e que nós notamos que estão a passar algumas necessidades. E aí tentamos ir ao encontro da pessoa. Nós, mais da direção, fazemos esse trabalho, que é um dos nossos que devemos fazer e tentar ajudar essa pessoa. E muitas vezes até a pessoa nem vem aqui, porque a pessoa tem vergonha. Mas depois, à medida que nós vamos ajudando e que a pessoa vai vendo que afinal é normal ser ajudada, até acaba por vir”, salienta Rita Baltazar, da direção da Cáritas Paroquial de Coruche.

Neste III Domingo da Quaresma celebra-se o Dia Nacional Cáritas, antecedido da Semana desta organização, assinalada com atividades de reflexão sobre a ação social, de animação pastoral e iniciativas de angariação de fundos.

O projeto ‘Riscar o Risco’ vai estar em destaque no programa 70×7 de hoje, pelas 17h25, em conjunto com o programa de auxílio do Centro Social paroquial de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, que dá resposta alimentar aos mais frágeis.

HM/LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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