Padre Vasco Pinto Magalhães, jesuíta, diz que maior número de feriados ajuda trabalhadores a manter equilíbrio e motivação
Lisboa, 30 jul 2012 (Ecclesia) – O padre jesuíta Vasco Pinto Magalhães, autor de diversas obras de espiritualidade, considera “um erro” limitar o número de feriados ou dias de férias para procurar aumentar a produção dos trabalhadores.
“Quanto mais feriados, melhor trabalhamos, ao contrário do que se pensa. Julgar que por estar mais horas no trabalho se trabalha melhor é um erro”, afirma, em entrevista que vai ser publicada esta terça-feira no Semanário Agência ECCLESIA.
O sacerdote acabou de escrever uma nova obra, intitulada ‘Só avança quem descansa’ e considera que o atual modelo de trabalho “desgasta” as pessoas, levando-as a agir “mal, à pressa, em intensidade, horas em quantidade e não em qualidade, sob pressão”.
“No tempo de trabalho, infelizmente, as pessoas não têm tempo para ser gente, não têm tempo para a relação, não há tempo para as coisas mais básicas, comem à pressa, dormem à pressa, falam à pressa, não ouvem”, observa.
Este jesuíta, um dos fundadores do CUMN – Centro Universitário Manuel da Nóbrega, em Coimbra, afirma que o descanso deriva do “equilíbrio, a boa consciência” e que “não se pode descansar uma parte sem a outra”.
“Às vezes pensa-se que se descansa para trabalhar; eu penso que devíamos trabalhar para descansar”, sustenta.
Para o padre Vasco Pinto Magalhães, o tempo livre é hoje “uma coisa que fica para as sobras ou para os intervalos”, mas, do seu ponto de vista, “tem de ser o contrário”.
“O nosso objetivo não é trabalhar, mas sim trabalhar para estar cada vez mais descansado, mais equilibrado, mais saudável, mais em Deus”, prossegue.
O sacerdote defende que o descanso tem de ser “um agir equilibrante, integrador e comunicador”, frisando que “o tempo de férias pode ser muito ambíguo porque é uma paragem no trabalho que às vezes visa mais o descanso físico e psicológico do que o descanso espiritual”.
“Quando a pessoa pensa que descansa mais e é mais feliz se tiver muito dinheiro, se fizer muitas viagens, desintegrou-se e espalhou-se por várias coisas”, alerta.
As declarações do padre jesuíta estiveram no centro do programa ECCLESIA na Antena 1 que foi transmitido este domingo e está disponível online.
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