Mensagem de D. António Carrilho à Diocese do Funchal 1. Na Mensagem de Saudação que dirigi à Diocese, a propósito da minha nomeação para Bispo do Funchal, em 8 de Março p. p., eu disse que não era aquele o momento de apontar qualquer tipo de programa pastoral em concreto. E acrescentava: “Como sucessor de D. Teodoro de Faria, procurarei conhecer e dar continuidade à acção pastoral por ele desenvolvida e conhecer, abrindo os olhos e o coração, as novas realidades e necessidades da Diocese. Para já o meu projecto consiste em’ ver, julgar e agir’, contando com os olhos, o juízo e a acção de todas as comunidades cristãs, com os seus responsáveis pastorais, grupos apostólicos e movimentos especializados”. Mais tarde, na homilia da celebração da minha entrada na Diocese, eu dizia também: “Na sucessão apostólica, ‘continuidade’ e ‘novidade’ são dois princípios que decorrem da comunhão entre as pessoas e da fidelidade à missão comum”. 2. Tendo em atenção estes princípios “continuidade” e “novidade” e dando cumprimento ao projecto anunciado, procurei, ao longo destes seis meses da minha estadia na Madeira, ver e ouvir a Diocese, através de múltiplos contactos pessoais, de visitas às paróquias e de encontros com os principais órgãos e agentes pastorais. Encontrei-me com o Colégio dos Consultores, com os Directores dos Secretariados Diocesanos existentes, com os Arciprestes e com os Arciprestados, com os Responsáveis dos Movimentos e Obras Laicais e com os Religiosos/as da Diocese, com todos dialogando sobre os valores e tradições cristãs da Região, sobre as maiores necessidades e prioridades pastorais, sobre os meios e recursos disponíveis para a pastoral diocesana. A reflexão realizada nas diversas instâncias apontou, quase por unanimidade e em síntese, para as prioridades seguintes: catequese/formação, juventude, família e vocações de especial consagração. Solicitava-se, também, uma atenção particular para a reorganização das estruturas pastorais, em vista da sua maior eficácia, e uma especial atenção ao presbitério, fomentando novos dinamismos de comunhão inter-pessoal e de unidade pastoral. Pedia-se, ainda, a preparação de um plano de pastoral, que integrasse as diversas prioridades e propostas de acção. 3. Encontradas as grandes áreas a que devemos dar especial atenção na actividade pastoral (prioridades), foi preciso reorganizar e potenciar as respectivas estruturas ou Serviços Diocesanos de apoio, partindo dos já existentes, renovando uns e criando outros. Estabelecer prioridades e prestar-lhes particular atenção não significa deixar de atender a outras áreas e necessidades. Daí que o grupo de reestruturação dos Serviços tenha tido em conta o que é feito nessas áreas, por iniciativa da Diocese e de outras instituições, laicais ou religiosas, e tenha procurado potenciar todos esses sectores. Assim, no domínio da catequese e da formação, temos o Secretariado Diocesano da Educação Cristã, com os seus Departamentos e Sectores, a Escola Teológica e a Escola de Ministérios; para atender à dinamização pastoral da Juventude foi instituído, agora, o Secretariado Diocesano de Pastoral Juvenil; para dinamizar e coordenar o sector da pastoral familiar, foi estruturado o Secretariado Diocesano da Família; e para o campo das vocações de especial consagração, foi também estruturado o Secretariado Diocesano de Pastoral das Vocações. São estes os Serviços que correspondem mais directamente às prioridades definidas, mas a Diocese não pode prescindir da actividade de todos os outros Secretariados, na acção conjunta e coordenada que se há-de realizar a bem do Povo de Deus. Ninguém poderá menosprezar a importância, entre nós, das áreas da Liturgia, das Migrações e Turismo, da Pastoral Social e da Pastoral da Saúde e, por isso, da importância dos respectivos Secretariados, sendo este último, o da Pastoral da Saúde, criado agora. A completar esta reestruturação é, também, concretizado um projecto da primeira hora, anunciado no próprio dia da minha nomeação para o Funchal. É a instituição do Gabinete de Informação da Diocese, cujo objectivo é fazer comunhão e evangelizar, na disponibilidade para comunicar; na verdade, a informação, quando é isenta e verdadeira, promove a comunhão, faz comunidade, motiva-a para as grandes causas. O Gabinete de Informação, com o apoio do Site da Diocese, será uma porta aberta e oportunidade de diálogo, no interior da Igreja e com o mundo. Há, ainda, dois novos Secretariados em organização – o da Animação Missionária e o das Comunicações Sociais. As suas funções, no entanto, são para já assumidas, respectivamente, pelos Directores das Obras Missionárias Pontifícias e do Gabinete de Informação. Oportunamente, também, serão anunciadas algumas Comissões Diocesanas, que estão a ser constituídas e virão completar este conjunto de organismos que colaboram mais directamente com o Bispo na orientação e acompanhamento da acção Pastoral da Diocese (cf. CDC, c. 469). 4. Em todos os Serviços agora instituídos ou reestruturados estão comprometidos muitos sacerdotes e leigos, cuja disponibilidade e generosidade agradeço, desde já. Os seus Coordenadores e Directores são nomeados para um mandato de três anos, renováveis; as equipas que os acompanham são homologadas para igual mandato. De todos espero a maior dedicação e o maior empenho, na acção apostólica e no testemunho de vida cristã, que lhe dá credibilidade. Alegro-me por ver reflectidas, neste nosso esforço de renovação, as palavras e orientações contidas no discurso do Papa Bento XVI aos Bispos, no termo da nossa recente Visita ad Limina (3 a 10 de Novembro). Ele aponta no sentido da corresponsabilidade e da participação de todos – sacerdotes, religiosos(as) e leigos(as) – na vida da Igreja Diocesana, construindo “caminhos de comunhão”, encontrando “novas formas de integração” comunitária e comprometendo-nos na acção evangelizadora, porque “todos somos corresponsáveis pelo crescimento da Igreja”. E o Papa mostra também todo o seu cuidado e interesse pelo que respeita à juventude, à família, às vocações de especial consagração e à formação cristã, em todas as idades. Perante a crescente vaga de “católicos não praticantes”; o Papa até nos aconselha a rever os actuais processos de iniciação cristã e catequese, quanto à sua eficácia, pois que, em princípio, devem contribuir para o encontro pessoal com Cristo e ajudar a formar cristãos, católicos assumidos e praticantes. 5. Resta-me, apenas, dizer: mãos à obra! “Faz-te ao largo” – disse Jesus a S. Pedro, lançando-o no mar do mundo como pescador de homens. “Faz-te ao largo” é o meu lema de Bispo e o lema da Igreja do terceiro milénio, convocada por João Paulo para a missão apostólica, neste mundo em profunda transformação. “Faz-te ao largo” será o nosso lema, assumindo cada um, em corresponsabilidade, a missão evangelizadora que nos está confiada nesta querida Diocese do Funchal. Toda a comunidade diocesana se há-de envolver nesta missão, aproveitando a actividade que venha a ser programada e cooperando com ela. Contamos com a oração e também com o apoio material de todos, na medida das suas possibilidades. O dinamismo pastoral que pretendemos, implica, sem dúvida, além da dedicação generosa das equipas dos diversos Serviços, um investimento financeiro de vulto. Por isso, destinamos, desta vez, para esse fim, o habitual contributo da renúncia do Advento de toda a Diocese. Constituirá um fundo de apoio à dinamização e à acção pastoral diocesana. Fica, desde já, convocada para o dia 26 de Janeiro de 2008, às 10H, na sala da Cúria Diocesana, a reunião de todos os Secretariados, com os seus Departamentos e Equipas. Aí reflectiremos sobre as competências e propostas de programas de acção, preparados antecipadamente, por cada um em reuniões dos respectivos Secretariados Confio à Senhora do Monte, nossa Padroeira, todo este projecto. E celebrando a Solenidade de Cristo Rei, tendo já em perspectiva o Advento e Natal que se aproximam, rezemos com fé e confiança: “Senhor, venha a nós o Vosso Reino!” Funchal, 24 de Novembro de 2007 D. António José Cavaco Carrilho