D. Manuel Clemente apelou também ao carácter «missionário» dos fiéis, durante uma celebração litúrgica na Igreja da Trindade
Porto, 08 jun 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto considera que o grande desafio da Igreja Católica, em matéria de evangelização, será transformar dioceses e paróquias em comunidades plenas de vivência eucarística e polos efervescentes de ação missionária.
Durante a celebração litúrgica do Corpo de Deus, esta quinta-feira na Igreja da Trindade, no Porto, D. Manuel Clemente recordou aos fiéis que o sacrifício de Jesus Cristo, “dom divino e gratuito”, exige dos cristãos uma “retribuição eterna”, que deve passar desde logo pela “indispensável integração” na vida “eucarística” da comunidade.
“Esta será mesmo, nas circunstâncias atuais, tão dispersivas, a grande tarefa da Nova Evangelização”, sustentou o prelado, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.
Segundo o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, a festa do Corpo de Deus marca a comemoração do “corpo eclesial de Cristo”, do qual todos os cristãos devem fazer parte.
“É na comunidade cristã que podemos sentir-nos realmente incorporados n’Ele”, apontou o bispo portuense, reforçando a sua mensagem com as palavras que Bento XVI dirigiu à Igreja Católica há cinco anos, na exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis”.
No número 76 do documento dedicado à “Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”, o Papa salientou que “através da diocese e das paróquias, enquanto estruturas basilares da Igreja num território particular, cada fiel pode fazer experiência concreta da sua pertença ao corpo de Cristo”.
No entanto, a vivência dos fiéis deve ir mais além do que a mera “integração comunitária”, continuou D. Manuel Clemente.
“Quem recebe a Cristo”, referiu o prelado, “é assimilado à sua vida e atividade, tornando-se necessariamente missionário”, ou seja, “enviado” de “Deus Pai”.
Uma ideia já deixada por Bento XVI que, no número 84 da exortação apostólica atrás referida, salienta que não é possível ao cristão “abeirar-se da mesa eucarística sem se deixar arrastar pelo movimento da missão”.
“A tensão missionária é parte constitutiva da existência cristã”, sublinhou o bispo do Porto, citando o texto do Papa.
Apesar de a “missão” continuar hoje muito ligada ao ideal de “partir” para territórios longínquos, em busca de povos que “nunca ouviram falar de Cristo”, as “tristezas e angústias” provocadas pela crise atual devem levar os “batizados” a focarem a sua ação em “ambientes” muito mais próximos.
Ajudar os mais desfavorecidos que estão ao pé da porta, “particularmente quem não sabe como sustentar-se a si e aos seus”, é um “encargo” que “ninguém” deve “dispensar”, exortou D. Manuel Clemente.
JCP