Solenidade assinala-se esta quinta-feira, em Portugal
Cidade do Vaticano, 29 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco convidou hoje à celebração da solenidade do Corpo de Deus, destacando a necessidade de “transformar” a vida pessoal e a sociedade.
“A solenidade iminente do ‘Corpus Christi’ convida-nos a adorar com fé viva o Corpo e o Sangue de Cristo. No mistério da Eucaristia, Ele faz-se presente através do Espírito Santo para permanecer sempre connosco e transformar a nossa vida”, disse, na audiência pública semanal, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.
A celebração da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo vai decorrer esta quinta-feira, em Portugal, e no próximo domingo, nos países em que não é feriado civil.
“Que o Espírito Santo nos conduza a Jesus presente na Eucaristia, mistério de amor, fonte de graça, alegria e luz, apoio nas dificuldades e conforto na dor”, acrescentou Francisco, que este domingo vai presidir à Missa do Corpo de Deus, na Basílica de São João de Latrão, com procissão pela ruas de Roma.
A solenidade litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo começou a ser celebrada há mais de sete séculos, em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula ‘Transiturus’, em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios.
Na origem, a solenidade constituía uma resposta a heresias que colocavam em causa a presença real de Cristo na Eucaristia, tendo-se afirmado também como o coroamento de um movimento de devoção ao Santíssimo Sacramento; terá chegado a Portugal nos finais do século XIII e tomou a denominação de Festa de Corpo de Deus.
As dioceses católicas de Portugal assinalam este dia com procissões públicas, acompanhadas em várias localidades com tapetes de flores nas ruas.
A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que “onde, a juízo do bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo”.
Na sua reflexão semanal, Francisco iniciou um ciclo de reflexões dedicado ao Espírito Santo, alertando para a “a destruição que a humanidade causou e continua a causar na criação”.
O Papa apresentou a figura de São Francisco de Assis como um exemplo, para regressar à “harmonia do Espírito criador”, através do caminho da “contemplação e do louvor”.
“Trata-se de colocar a alegria de contemplar antes da alegria de possuir. E ninguém se alegrou mais com as criaturas do que Francisco de Assis, que não quis possuir nenhuma delas”, precisou.
A intervenção convidou todos a rezar para ser “pessoas novas, com a novidade do Espírito”.
“À nossa volta existe um caos externo – social e político -, pensemos nas guerras, nas tantas crianças que não têm o que comer, em tantas injustiças sociais. E há um caos interno dentro de cada um de nós. O primeiro não poderá ser curado se não começarmos a curar o segundo”, sustentou Francisco.
O Papa saudou os peregrinos de língua portuguesa, com votos de que “a peregrinação até estes lugares santificados pela pregação e o martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo ajude a aderir intimamente a Cristo e ao Evangelho”.
Francisco assinalou ainda a memória litúrgica de São Paulo VI, homenageando o Papa que deu continuidade ao Concílio Vaticano II (1962-1965) como “pastor ardente de amor por Cristo, pela Igreja e pela humanidade”.
“Que este aniversário ajude todos a redescobrir a alegria de ser cristão, inspirando um renovado compromisso na construção da civilização do amor”, apelou, convidando a ler a exortação ‘Evangelii Nuntiandi’, escrita em 1975.
OC