Milhares de pessoas saíram esta quinta-feira em procissão pelas ruas de Lisboa, com o regresso do feriado religioso
Lisboa, 27 mai 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa defendeu esta quinta-feira, na Sé local, a dignidade da vida humana em todas as suas etapas, durante a celebração da solenidade do Corpo de Deus.
“Desde a vida embrionária à vida saudável, enfraquecida, ou moribunda, que, em qualquer dos casos, é sempre manifestação da pessoa que se forma, mantém ou vai partindo”, referiu D. Manuel Clemente.
Durante a homilia da celebração, publicada na página online do Patriarca do Lisboa, o cardeal-patriarca definiu a festa do Corpo de Deus como “memória” da entrega de Cristo por toda a humanidade e como “gesto” de comunhão e de vida.
“À luz de Cristo” se percebe que “dizer corpo não é referir uma coisa que se tenha e de que se possa dispor a bel-prazer próprio ou alheio”, acrescentou D. Manuel Clemente.
Esta quinta-feira marcou o regresso do feriado (móvel) nacional do Corpo de Deus, reposto depois de uma suspensão de quatro anos, entre 2013 e 2015, resultado de um “entendimento excecional” entre a Santa Sé e o anterior Governo português.
“Na vida e na Páscoa do Senhor aprendemos o que seja a vida: é comunhão, corporalmente atuada em palavras, silêncios e gestos, que quanto mais se reparte mais acresce”, apontou o cardeal-patriarca de Lisboa, lembrando a “responsabilidade” que os cristãos têm hoje de prosseguir com esse legado de Cristo.
“Em casa ou na rua, no trabalho e no lazer, na escola ou no hospital, seja onde for e quando for, sejamos igualmente corpo entregue e sangue derramado, isto é, gesto solidário e vida compartilhada”, exortou.
“Só assim”, acrescentou, a solenidade do Corpo de Deus “ficará inteiramente legitimada” e os cristãos poderão afirmar-se de facto como “memória viva de Jesus para a salvação do mundo”.
Depois da missa do Corpo de Deus em Lisboa, esta quinta-feira, milhares de pessoas seguiram em procissão pelas ruas da baixa da cidade.
A Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, originária do século XIII, pelo Papa Urbano IV, começou a ser celebrada em 1246 na cidade de Liège, na atual Bélgica.
Inicialmente, a celebração assumiu-se como uma resposta a determinadas posições que colocavam em causa a presença real de Cristo na Eucaristia e terá chegado a Portugal no final do século XIII, adotando progressivamente a denominação de Festa de Corpo de Deus.
A afirmação dessa festa coincidiu com o auge da sociedade de cristandade no Ocidente, a exultação popular à Eucaristia é manifestada no 60.º dia após a Páscoa e, forçosamente, numa quinta-feira, fazendo assim a união íntima com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.
JCP