Coreia: Missionário português espera que viagem do Papa ajude à reconciliação

Padre Álvaro Pacheco elogia vitalidade de uma Igreja em crescimento e a força dos seus leigos

Lisboa, 12 ago 2014 (Ecclesia) – O padre Álvaro Pacheco, missionário na Coreia do Sul, considera que a próxima visita do Papa Francisco vai ser um marco na revitalização da Igreja Católica e um incentivo para a paz na península coreana.

“O Papa tem esta pujança política, esta capacidade de intervir e o que ele diz é ouvido, é seguido e neste contexto de uma Coreia que se encontra numa situação delicada politicamente com divisões sociais é um mensageiro da paz”, refere à Agência ECCLESIA.

O missionário do Instituto da Consolata revela que a Coreia do Sul vive um “momento delicado” pela tragédia do barco que naufragou em Sewol, a 16 de abril, matando 302 pessoas, para além das tensões políticas e militares com a Coreia do Norte.

Neste contexto, a visita do Papa, entre os dias 14 a 18 deste mês, “vai ser um reavivar da esperança”.

“Os políticos esperam sobretudo que ele possa ter também influência na Coreia do Norte porque não estão isentos à visita e também estarão atentos ao que o Papa vai dizer”, acrescenta o entrevistado que destaca a importância “social, politica e religiosa” da presença de Francisco.

Para o padre Álvaro Pacheco, o “Papa tem gozado de uma fama sem precedentes” e na Coreia do Sul também é apreciado por muitos e “é para todos, desde a presidente da República até ao último dos coreanos ,um prazer uma figura importante a nível mundial e religioso”.

O catolicismo é a religião que “tem crescido mais nas últimas décadas", sobretudo por causa da fama do antigo cardeal coreano Stephen Kim Sou-Hwan, que faleceu com 86 anos na Coreia do Sul, em 2009,  que se destacou pela luta “contra as ditaduras e defesa dos direitos humanos, dos trabalhadores”.

O missionário, que partiu para a Ásia depois da ordenação sacerdotal em 1996, destaca a ação e a atividade da Igreja Católica no desenvolvimento e crescimento deste país asiático com a instauração de “uma rede social de ajuda com infantários, escolas, hospitais, universidades” que tem como consequência que “todos os coreanos tenham da Igreja uma imagem muito positiva”.

“A Igreja aumenta aos poucos não só a nível de popular mas também de influência”, assinala o sacerdote que destaca o papel evangelizador dos coreanos que “aderem à proposta da Igreja na família, dentro da empresa e no trabalho”.

O Papa Francisco, este sábado, dia 16 de agosto, no Santuário dos Mártires de Seo So Mun vai presidir à missa de beatificação de Paulo Yun Ji-chung e dos seus 123 companheiros, perseguidos e mortos nos finais do século XVIII.

Para o padre Álvaro Pacheco, depois do Papa São João Paulo II ter beatificado “os primeiros 120 mártires coreanos”, esta celebração “é reconfirmar ainda mais a validade, a importância e o valor desta Igreja que se tem desenvolvido graças ao martírio de toda esta gente”.

O religioso lembra que durante muito tempo “não existiram padres na Coreia do Sul” e foram os leigos que “às escondidas difundiam a fé que tinham recebido”.

Há vários anos na Coreia do Sul, o missionário português destaca que existem aspetos que ”fazem lembrar” Portugal, como “a família, o acolhimento, o estar à mesa com boa comida e bebida para partilhar e promover a amizade” e ainda a “abertura ao diferente como encontro de culturas”.

O Papa Francisco voltará à Ásia em janeiro de 2015 para visitar o Sri Lanka e as Filipinas.

João Paulo II visitou a Coreia do Sul em 1984 e em 1989 (44.º Congresso Eucarístico Internacional).

SN/CB/OC

Partilhar:
Scroll to Top
Agência ECCLESIA

GRÁTIS
BAIXAR