Testemunho de um missionário português
A Igreja Católica da Coreia do Sul é tipicamente diocesana, caracterizada pela abundância de vocações e o crescente número de novas paróquias. Quanto à percentagem de católicos, está já nos 10%, ou seja, um entre 5 coreanos é católico. Em várias dioceses, incluindo a nossa de Incheon, são muitas as paróquias com dois sacerdotes para um número de fiéis que não ultrapassa os 3 mil. Em Seul há paróquias com 3 sacerdotes para cerca de 8 mil fiéis.
No passado dia 12 de Janeiro deste ano, o bispo de Incheon ordenou 29 novos sacerdotes, dos quais só cindo são religiosos, e 19 diáconos (dois deles religiosos).
A vida religiosa e missionária é ainda muito desconhecida pela maior parte dos fiéis coreanos; ao mesmo tempo, restam poucos dos muitos missionários que há 50 e 60 anos atrás trabalharam arduamente nesta nação. Ao mesmo tempo, apesar do número de missionários que trabalham no estrangeiro ter aumentado nestes últimos anos, a vertente missionária da Igreja sul-coreana é ainda muito “pobre”. Basta notar que os missionários protestantes são mais de 11 mil, contra os cerca de 680 católicos.
É neste contexto que a nossa presença missionária se insere e justifica. Os Missionários da Consolata chegaram aqui a 29 de Janeiro de 1988. São três as áreas da nossa actividade: animação missionária e vocacional, diálogo inter-religioso e trabalho com os mais pobres (actualmente, temos uma comunidade dedicada à assistência dos emigrantes ilegais).
Um dos elementos fundamentais da nossa actividade missionária é a revista “Consolata”, da qual sou editor. Nasceu em Abril de 1995, com o objectivo de trazer a missão universal da Igreja e do nosso Instituto ao coração e interesse dos sul-coreanos. No verão de 1998, um ano e meio após a minha chegada à Coreia, foi-me atribuída a direcção da revista. Como tal, contamos com a colaboração de tradutores, sem os quais seria impossível elaborá-la.
A revista apresenta um leque variado de temas, que vão desde a apresentação de países onde a Igreja está presente até várias experiências de missionários, passando por assuntos de carácter ético e sociocultural à apresentação do nosso carisma. Temos também um boletim, dado que a revista é bimensal; do trabalho editorial fazem também parte o calendário missionário e o livro de meditações para a Quaresma.
A partir deste ano temos também a colaboração dos nossos primeiros missionários da Consolata coreanos, ordenados a 8 de Outubro de 2009. O Pe. Martinho está em Espanha, enquanto que o Pe. Pedro foi destinado ao Brasil.
Sou também o responsável pela angariação de novos benfeitores e assinantes da revista. Exerço também o meu sacerdócio através da colaboração numa paróquia aos domingos, na paróquia internacional com a missa em português para a comunidade brasileira, numa outra paróquia com a missa em inglês e em três comunidades religiosas. Mas é com a revista que ocupo a maior parte do meu tempo. Esta oferece-me, por um lado, a possibilidade de comunicar e partilhar a missão com os nossos benfeitores e, por outro, o de aprender mais sobre a missão, através do exemplo de outros missionários e do contacto com os amigos coreanos que ao longo destes 13 anos Deus me foi oferecendo. É de salientar o interesse e amor com que os nossos benfeitores sempre nos apoiaram.
Destaco a “campanha missionária” que lhes apresentamos uma ou duas vezes por ano na revista: com eles apoiamos projectos vários do nosso Instituto, desde a África à América Latina, passando pela Mongólia.
Não me canso de agradecer a Deus pelo dom da missão na Coreia, um desafio mais fascinante que difícil.
Pe. Álvaro Pacheco, IMC