Cardeal Pietro Parolin está a chefiar a delegação do Vaticano, na Conferência sobre Mudanças Climáticas, no Brasil

Cidade do Vaticano, 07 nov 2025 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje aos participantes da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que tem lugar em Belém do Pará (Brasil), que se “comprometam a proteger e cuidar da criação”, para construírem “um mundo pacífico”.

“Que se promova uma educação em ecologia integral que explique porque as decisões tomadas a nível pessoal, familiar, comunitário e político moldam o nosso futuro comum, ao mesmo tempo que se sensibiliza para a crise climática, e se encoraja mentalidades e estilos de vida que respeitem melhor a criação e salvaguardem a dignidade da pessoa e a inviolabilidade da vida humana”, incentiva Leão XIV, na mensagem que foi lida pelo secretário de Estado do Vaticano, esta sexta-feira, em Belém (Brasil).
O cardeal Pietro Parolin assegurou “proximidade, apoio e incentivo” do Papa Leão XIV aos participantes da 30.ª sessão da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, e pediu que “todos se comprometam a proteger e cuidar da criação” que foi confiada por Deus, “a fim de construir um mundo pacífico”: “Se quiser cultivar a paz, cuide da criação”.
“Esta Conferência deve tornar-se um sinal de esperança, através do respeito demonstrado pelas opiniões dos outros no esforço conjunto de procurar uma linguagem comum e um consenso, deixando de lado os interesses egoístas.”
O Papa salientou que, “nestes tempos difíceis”, a atenção e a preocupação da comunidade internacional parecem estar “principalmente focadas nos conflitos entre nações”, mas há também uma “consciência cada vez maior” que a paz também é ameaçada “pela falta de respeito pela criação, pela pilhagem dos recursos naturais e pelo declínio progressivo da qualidade de vida devido às alterações climáticas”.
“Devido à sua natureza global, estes desafios põem em risco a vida de todos neste planeta, por isso, exigem cooperação internacional e um multilateralismo coeso e voltado para o futuro, que coloque no centro a sacralidade da vida, a dignidade dada por Deus a cada ser humano e o bem comum”, desenvolveu.
Leão XIV, que citou a mensagem do Dia Mundial da Paz 2010, do Papa Bento XVI, destacou que São João Paulo II enfatizou que a crise ecológica ‘é uma questão moral’, já na década de 1990, e alertou que “tragicamente” os primeiros a sofrer os “efeitos devastadores das alterações climáticas, da desflorestação e da poluição”, são quem se encontra em situações mais vulneráveis.
“Cuidar da criação torna-se, portanto, uma expressão de humanidade e solidariedade. Nesta perspetiva, é vital transformar palavras e reflexões em escolhas e ações baseadas na responsabilidade, justiça e equidade para alcançar uma paz duradoura, cuidando da criação e dos nossos vizinhos”, indicou.
Na mensagem lida pelo secretário de Estado do Vaticano na COP30, o Papa lamentou que “alcançar os objetivos” do Acordo de Paris, alcançado na COP21, realizada na capital francesa em 2015, continua a ser um caminho “longo e complexo”, e destacou, desse mesmo ano, a publicação da Encíclica Laudato Si’, onde o Papa Francisco “defendeu uma conversão ecológica que inclui todos”.
Antes da COP30, que vai decorrer entre os dias 10 e 21 de novembro, a cidade brasileira de Belém está a acolher uma Cimeira de Líderes, onde o presidente do Brasil Lula da Silva é o anfitrião de 57 chefes de Estado de Governo, incluindo o primeiro-ministro português Luís Montenegro.
As organizações não-governamentais (ONG) portuguesas ZERO e Oikos publicaram um comunicado com cinco apelos, sublinhando que “é tempo de agir”.
CB/PR
COP 30: ZERO e Oikos pedem que se aborde com «urgência o défice coletivo na ação climática global»
