COP30: Santa Sé exige que cimeira seja «ponto de viragem» no combate às alterações climáticas

Núncio Apostólico no Brasil espera «vontade política clara» para promover mudanças

Foto: Lusa/EPA

Belém, Brasil, 06 nov 2025 (Ecclesia) – A Santa Sé defende que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) deve ser um “ponto de viragem” que manifeste uma “vontade política clara e tangível” para a transição ecológica.

A posição foi transmitida por D. Giambattista Diquattro, núncio apostólico no Brasil, em declarações aos meios de comunicação do Vaticano.

O representante diplomático é o chefe-adjunto da delegação da Santa Sé na COP30, que vai decorrer entre os dias 10 e 21 de novembro, na cidade brasileira de Belém, no Pará.

A delegação, composta por dez membros, é liderada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.

D. Giambattista Diquattro sublinhou a necessidade de “dar um sinal concreto de esperança”, desejando que a conferência possa conduzir a uma “aceleração decisiva da transição ecológica”.

Esta transição, detalhou, deve ocorrer através de formas “eficientes, vinculativas e facilmente monitoráveis”.

Na sua entrevistas, o chefe-adjunto da delegação da Santa Sé identificou como áreas de concretização a eficiência energética, as fontes renováveis, a eliminação dos combustíveis fósseis e a educação para estilos de vida menos dependentes destes.

Questionado sobre a contribuição da Santa Sé, D. Giambattista Diquattro apontou a “educação para a ecologia integral” como um “domínio decisivo para enfrentar a crise climática”.

A transição justa é outro tema prioritário, devendo incluir “não só critérios económicos, mas também sociais e ambientais”.

A delegação do Vaticano está também interessada nos dossiês relativos a Perdas e Danos, Objetivo Global de Adaptação e na proteção da floresta amazónica, agricultura e segurança alimentar.

Presente em Belém para a cimeira de líderes que antecede a COP30, a ministra portuguesa do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, defendeu objetivos semelhantes.

A governante portuguesa afirmou à Agência Lusa que uma boa COP30 será “uma COP com resultados concretos”.

Maria da Graça Carvalho espera que a conferência não seja apenas de “grandes negociações” e “grandes declarações”, mas que apresente “resultados muito concretos”.

A ministra admitiu que o mundo “está muito aquém dos objetivos” do Acordo de Paris, assinado há 10 anos, que visa limitar o aquecimento global a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais.

A 1 de outubro, o Papa apelou à pressão dos cidadãos sobre os decisores políticos, para que assumam o combate às alterações climáticas como uma prioridade, alertando para o impacto da crise ambiental sobre as populações mais desprotegidas.

“Espero que as próximas cimeiras internacionais das Nações Unidas – a Conferência sobre as Alterações Climáticas de 2025 (COP 30), a 53.ª Sessão Plenária do Comité para a Segurança Alimentar Mundial e a Conferência sobre a Água de 2026 – escutem o grito da Terra e o grito dos pobres, das famílias, dos povos indígenas, dos migrantes forçados e dos crentes em todo o mundo”, disse Leão XIV, na abertura da Conferência internacional ‘Raising Hope for Climate Justice’ (Gerando Esperança pela Justiça Climática), que decorreu na residência pontifícia de Castel Gandolfo, nos arredores de Roma.

Falando perante centenas de pessoas reunidas no Centro Mariápolis de Castel Gandolfo, Leão XIV evocou o 10.º aniversário da encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’, do Papa Francisco, sublinhando que “não há espaço para indiferença ou resignação”.

OC

COP30: Iniciativa global quer mobilizar comunidades católicas no combate à crise climática

Partilhar:
Scroll to Top