Professora Isabel Braga da Cruz aborda resultados da cimeira do clima no Brasil e fala sobre Semana da Sustentabilidade, promovida pela Universidade Católica Portuguesa
Lisboa, 27 nov 2025 (Ecclesia) – A pró-reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) manifestou deceção face à falha no delineamento de um plano para abandonar os combustíveis fósseis na 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP30).
“Esta COP30 foi um bocadinho frustrante, poderia dizer. Ou seja, a ausência de um roteiro para abandonar os combustíveis fósseis acabou por ser um bocadinho frustrante para todos aqueles que estiveram envolvidos, em particular para aqueles que tinham menos interesses nos combustíveis fósseis”, afirmou a professora Isabel Braga da Cruz.
Em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2 (15h), a professora, que coordena o pelouro da sustentabilidade na UCP, aponta a “submissão política dos interesses de alguns países em detrimento dos produtores de petróleo”.
No entanto, Isabel Braga da Cruz considera que nem tudo se perdeu na COP30, que decorreu entre 10 e 21 de novembro em Belém do Pará (Brasil), salientando a “grande mobilização da sociedade civil”.
“Aquela limitação da subida do grau e meio da temperatura parece ficar comprometido. E caminhamos para os dois graus, que podem ser uma questão que é limitante”, assinalou a pró-reitora da UCP, contudo, acrescenta, como um dos pontos positivos o “reforço do financiamento” para adaptação à crise climática.
A pró-reitora da UCP destaca a importância da realização das cimeiras do clima, todavia realça o risco de caírem em descrédito por não traçarem roteiro algum.
“Acho que o aspeto dos direitos humanos ficou reforçado, isso é positivo, em termos deste novo quadro, nomeadamente a referência aos direitos humanos, a igualdade de género, são aspetos que são de salientar, e o reforço financeiro para as mudanças. Acho que depende de cada um agora, a atitude de cada um na base diária”, referiu.
Isabel Braga da Cruz defende que a crise climática é um problema que “toca a todos”, ressaltando que um dos objetivos da UCP é também “impactar os alunos”, “a academia” para realizarem ações diárias com vista a proteger o ambiente.
“Seja na dita caminhada, no combate ao desperdício, na sensibilização, na formação. Os nossos estudantes hoje estão a receber formação, mas amanhã eles vão estar nas empresas e vão estar a tomar as ações”, mencionou.
A Universidade Católica Portuguesa está a viver, desde segunda e até sexta-feira, a primeira Semana de Sustentabilidade, com mais de 60 iniciativas que decorrem em Lisboa, Porto, Braga e Viseu.
A pró-reitora da UCP explica que as atividades “pretendem estimular uma reflexão, uma sensibilização, uma capacitação” da comunidade académica para as temáticas relacionadas com o tema. “Devemos olhar para esta iniciativa e para esta semana como mais um ponto onde nós tocamos o tema da sustentabilidade. Não deve começar e acabar aqui, isto é uma ação que é continuada, que na Católica é vivida diariamente, desde a forma como nós ensinamos, às temáticas, inclusivamente temos cadeiras ODS, à forma como investigamos, e este é só mais um momento”, expressou. Entre as iniciativas que marcam estes dias está o lançamento do Centro de Longevidade, que decorreu na terça-feira, um projeto pioneiro e interdisciplinar que aborda os desafios demográficos e apoia líderes e organizações. O programa conta também com realização de uma caminhada solidária com a presença especial de Rosa Mota (26 de novembro, Porto) e a realização de workshops, conferências e debates sobre sustentabilidade e o seu impacto, com temas como “economia circular, pobreza, saúde mental e burnout ou alimentação saudável”. |
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