COP30: Organizações católicas denunciam falta de ação climática

Cáritas, «Pax Christi International» e CIDSE assinalam declaração conjunta, antes da conferência do ONU em Belém do Pará

Foto: ©SCIAF (Caritas Scotland)

Lisboa, 09 set 2025 (Ecclesia) – Três organizações católicas internacionais publicaram hoje uma declaração conjunta em que denunciam a falta de ação climática da comunidade internacional,

“As alterações climáticas já estão a exacerbar conflitos em todo o mundo e esta é uma tendência perigosa que se espera que se intensifique à medida que as temperaturas globais continuam a subir. A frequência e gravidade crescentes de eventos extremos, juntamente com a mudança na disponibilidade de recursos e a transformação de terras em áreas inabitáveis, levarão ao deslocamento forçado em massa de pessoas”, refere o texto, que aponta à 30.ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP30), organizada pelas Nações Unidas (ONU) na cidade brasileira de Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro.

O documento é assinado pela ‘Pax Christi’ Internacional, a ‘Caritas Internationalis’ e a CIDSE, rede internacional de organizações católicas focada no desenvolvimento.

Os secretários-gerais das três organizações salientam que é essencial uma “ação climática urgente, não só para proteger o ambiente, mas também para prevenir futuras guerras e garantir justiça para as comunidades mais pobres e marginalizadas”.

A declaração questiona a lógica dos sistemas orientados para o lucro, como os das indústrias de combustíveis fósseis, armas e financeira, que prosperam com a “instabilidade, desigualdade, extração implacável e clientelismo oligárquico”.

Alistair Dutton, secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’, adverte que “a competição pelos recursos é frequentemente, se não predominantemente, a causa dos conflitos, uma vez que as pessoas lutam pelas coisas de que precisam ou desejam

“Os líderes devem reconhecer que a ação climática é vital para a paz global e devem ter uma visão de longo prazo enquanto se esforçam para resolver questões imediatas”, acrescenta.

“A crise climática exige que todos nós assumamos a responsabilidade pela criação. A criação é obra divina e tem dignidade inerente. Não podemos ficar calados perante este sofrimento. Temos de ser corajosos e levantar a nossa voz por uma paz justa, que depende do cuidado conjunto do ambiente”, refere o cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (Brasil), na nota de imprensa que acompanha a divulgação do texto.

Martha Ines Romero, secretária-geral da ‘Pax Christi International’, sustenta que “a indústria da guerra e a indústria dos combustíveis fósseis estão intrinsecamente ligadas”.

Ambas se alimentam da desigualdade e dos interesses de curto prazo, em vez do bem comum a longo prazo. Devemos rejeitar este caminho e, em vez disso, construir sistemas de não violência ativa, aprofundando a harmonia entre nós e com a terra”, aponta.

Já Josianne Gauthier, secretária-geral da CIDSE, pede “coragem e imaginação” para superar a dependência de combustíveis fósseis.

“Temos de acreditar num mundo melhor, começar a criá-lo agora e exigir que os nossos líderes o tornem possível, antes que seja tarde demais”, apela.

OC

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