Responsável mundial do movimento fala em «imperativo moral em resposta à crescente crise climática»
Washington, 18 nov 2025 (Ecclesia) – 62 instituições religiosas, incluindo dioceses católicas, bancos protestantes e redes de investimento cristãs, anunciaram o compromisso de “desinvestir completamente em combustíveis fósseis”, divulgou o Movimento internacional ‘Laudato Si’, esta terça-feira, dia 18 de novembro, como “um momento histórico”.
“O desinvestimento de combustíveis fósseis é um imperativo moral em resposta à crescente crise climática, e instamos todas as instituições católicas a se juntarem ao movimento. Enquanto os governos globais continuam a falhar na ação climática, é extremamente encorajador ver grupos religiosos assumindo a liderança ao desinvestir em empresas de combustíveis fósseis e ampliar o investimento em soluções climáticas”, refere a diretora executiva do Movimento ‘Laudato Si’, Lorna Gold, num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
O movimento internacional celebra esta notícia das 62 instituições religiosas que aderiram ao movimento global de desinvestimento e salienta que este é um dos “principais compromissos de desinvestimento baseados na fé até hoje”: “Chegou a hora de deixarmos para trás a era dos combustíveis fósseis e abraçarmos um futuro alicerçado na justiça, na renovação e no cuidado com a nossa Casa Comum”.
Segundo o Movimento ‘Laudato Si’, que se inspira da encíclica papal’, este anunciou das 62 instituições religiosas é “um sinal forte para os negociadores” que estão na COP30, no Brasil, sobre a necessidade urgente de “eliminação gradual dos combustíveis fósseis”, devido aos impactos nocivos da extração, transporte e queima de combustíveis fósseis “sobre o clima, a biodiversidade e os direitos humanos”.
A COP 30, a Conferência dos Estados Partes na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, está a decorrer na cidade brasileira de Belém, no estado do Pará, até 21 de novembro, começou no dia 10.
Esta lista de 62 instituições religiosas, que anunciaram o desinvestimento em combustíveis fósseis, inclui cinco dioceses católicas – quatro na Itália e uma no Canadá -, ordens religiosas católicas na Europa e na América – França, Bélgica, Alemanha, Áustria, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos da América -, bancos católicos e protestantes na Alemanha, e 42 membros do Arbeitskreis Kirchlicher Investoren (AKI), uma rede de investidores institucionais na Igreja protestante alemã.
O Movimento internacional ‘Laudato Si’ destaca que é a primeira vez que uma diocese católica no Canadá anuncia o desinvestimento em empresas de combustíveis fósseis e explica que esta decisão “é especialmente significativa”, porque este país, com os EUA, a Austrália e a Noruega, estão entre os “maiores responsáveis pela expansão dos combustíveis fósseis” desde o Acordo de Paris, em 2015, os quatro países aumentaram a produção de combustíveis fósseis “em quase 40% entre 2015 e 2024”, enquanto no resto do mundo, no total, “caiu 2% durante o mesmo período”.
Aina na Igreja Católica, a Província Jesuíta da Europa Central (que inclui Alemanha, Áustria, Suíça, Lituânia e Letônia), a Pax-Bank für Kirche und Caritas e o Banco Steyler, anunciam também “o desinvestimento total em empresas de combustíveis fósseis”, esta terça-feira, dia 18 de novembro.
“Quando nós, jesuítas, nos comprometemos com a preservação da criação, nós, na Europa em particular, somos chamados a assumir a responsabilidade e a apoiar as pessoas nas regiões mais afetadas. O desinvestimento na produção de energia a partir de combustíveis fósseis é uma contribuição concreta para isso”, explicou o provincial dos Jesuítas na Europa Central, padre Thomas Hollweck.
O comunicado recorda que o Papa Leão XIV, na Conferência Espalhando Esperança, realizada em Castel Gandolfo, disse que “todos na sociedade, através de organizações não-governamentais e grupos de defesa, devem pressionar os governos para desenvolverem e implementarem regulamentações, procedimentos e controles mais rigorosos”.
O movimento internacional ‘Laudato Si’ explica que desinvestimento significa “retirar recursos financeiros de empresas envolvidas na extração e produção de carvão, petróleo e gás”, e para as instituições religiosas é “uma profunda decisão moral e espiritual”, que redirecionam os fundos para a energia renovável, a agricultura sustentável e para projetos liderados pela comunidade que curam tanto as pessoas quanto o planeta.
CB/OC
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