COP30: Cimeira do clima termina «falhando completamente» na definição de um «roteiro para o abandono dos combustíveis fósseis»

Organizações portuguesas ZERO, OIKOS e FEC participaram na cimeira do clima em Belém do Pará, no Brasil, e apontam «fragilidades significativas» do documento final «Mutirão»

Foto de Rafa Pereira/COP30,
presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, e António Guterres, Secretário-geral das Nações Unidas durante a 30ª Conferência das Partes (COP30).

Belém, Brasil, 22 nov 2025 (Ecclesia) – As organizações portuguesas ZERO, OIKOS e FEC, que participaram na 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP30), no Brasil, afirmam que, apesar de “alguns elementos positivos”, cimeira “continuou a falhar o essencial”.

“O documento principal da COP30, o chamado “Mutirão”, um apelo da Presidência brasileira para uma mobilização global e um esforço conjunto das Partes contra as alterações climáticas, revelou fragilidades significativas, falhando completamente num elemento essencial que seria traçar um roteiro para o abandono dos combustíveis fósseis”, afirmam as organizações em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

Os participantes de Portugal consideram que “não ter um plano de ação para retirada dos combustíveis fósseis, é uma submissão política aos interesses dos países produtores de petróleo, em particular da Arábia Saudita, ou dos que continuam a assumir que ainda precisam de muita energia proveniente do carvão, petróleo e gás natural fóssil, sem assumirem completamente uma desejável transição energética, como é o exemplo da Índia”.

As três organizações consideram que Transição Justa “é referida com algum progresso”, notando que falta um “plano credível para o abandono gradual dos combustíveis fósseis, torna-se inviável reconhecer no Mutirão um verdadeiro pacote de justiça climática”.

“Apesar de a Presidência ter apelado a “um verdadeiro mutirão, uma mobilização coletiva de mentes, corações e mãos para concretizar o Pacote de Belém com rapidez, justiça e cuidado para todos”, o Plano de Ação de Género (GAP) ficou de fora das prioridades e com muitas divergências”, afirmam.

Foto COP30

A ZERO, a OIKOS e a FEC consideram que “a COP da ‘verdade’ revelou que o business as usual continua a dominar as negociações, onde a participação da sociedade civil foi maior comparativamente com os três últimos anos, mas ainda limitada nos resultados”.

“A meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C face aos níveis pré-industriais continua em risco, com consequências e prejuízos enormes de um clima em mudança, principalmente para os países em desenvolvimento”, alertam.

ZERO, OIKOS e FEC reforçam que a transição justa só pode ser considerada autêntica se assente em metas concretas, financiamento adequado e mecanismos robustos que garantam que nenhuma comunidade ou região é deixada para trás”.

As três organizações defendem que “os debates climáticos devem garantir uma abordagem inclusiva, financiamento adequado e mecanismos robustos que assegurem que a justiça de género seja central na ação climática”.

Apreciação final pela ZERO, OIKOS e FEC

A ZERO – Sistema Terrestre Sustentável esteve representada por Francisco Ferreira, presidente da associação e também Diretor do CENSE – Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da NOVA FCT e por Islene Façanha, gestora de projetos e analista de políticas nas áreas do clima e energia.

A Oikos – Cooperação e Desenvolvimento é uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) que defende um desenvolvimento humano que “seja equitativo e sustentável” e fez-se representar pelo coordenador de projetos José Luís Monteiro.

A Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Conferência Episcopal Portuguesa,  esteve representada por Catarina António, gestora de projetos, e por Gustavo Lopes Pereira, gestor de comunicação.

“Esta participação permitiu acompanhar de perto os desafios, tensões e oportunidades que marcaram o rumo final das negociações”, conclui o comunicado das três organizações, enviado hoje à Agência ECCLESIA no fim da COP30, um dia após o previsto.

PR

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